Dia desses, um taxista do ponto da minha rua comentou,
entediado, Este ano tem eleição... Aí os políticos vêm com aquela conversa
mole, querendo nosso voto... Eles só lembram da gente de quatro em quatro
anos... E eu respondi, Mas você também só se lembra deles de quatro em quatro
anos... O Poder Público reside tão distante da realidade da maioria dos
brasileiros que perdemos completamente a noção não só de para que servem os
mandatos que delegamos a vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais,
senadores, governadores e presidente da República, como também esquecemos que
somos nós os responsáveis pela qualidade dos políticos que elegemos. A
composição dos poderes legislativo e executivo de alguma maneira é um espelho
fiel no qual nos recusamos a nos ver refletidos.
A corrupção da qual acusamos os políticos é um câncer que
corrói toda a sociedade brasileira, sem distinção, por mais que teimemos em,
individualmente, rechaçar essa acusação. É sempre mais fácil lidarmos com algo
que encontra-se no horizonte, como possibilidade, que admitirmos nossa
participação efetiva em algo que condenamos. Por isso, aceitamos que existe uma
grossa corrupção “lá” em Brasília, mas nos ofendemos quando alguém ilumina-a em
nosso cotidiano.
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