Diante de uma impopularidade jamais experimentada, o PT aprofunda-se na esquizofrenia. Apoia e combate o seu próprio governo. Precisa agradar as bases sindicais que são contra o pacote fiscal de Dilma e, ao mesmo tempo, manter-se no poder. Até para garantir os cargos públicos dos companheiros, incluindo os sindicalistas. Depende eleitoralmente do sucesso da presidente, mas quer porque quer manter distância dela.
Síndrome psíquica semelhante acomete o PSDB, que, para aumentar o sangramento da mandatária petista, nega voto a teses que defendia até ontem.
Fez assim na votação do ajuste fiscal - princípio pelo qual o partido sempre zelou - e do fator previdenciário, criado por FHC em 1999. Os tucanos se protegem com argumentos toscos: dizem que se tivessem vencido com Aécio Neves fariam um ajuste fiscal duro, mas sem aumentar impostos. Reduziriam gastos, cortariam ministérios e cargos de confiança.
Tudo urgente e necessário, mas sabidamente insuficiente para cobrir o gigantesco rombo das contas públicas.
Enquanto PT e PSDB embaralham-se em um espesso cipoal, confundindo seus eleitores, o PMDB de Eduardo Cunha e Renan Calheiros empunha alfanjes como se fosse o único partido capaz de colocar ordem na lavoura. Ao débil governo Dilma, só oferecem vitórias seguidas por doídas e danosas derrotas.
À presidente sobra pouquíssimo espaço. Sem mando na economia, que ela desorganizou por completo, e distante da política por inapetência e inexperiência, Dilma é hoje o inverso da imagem de gerente exemplar, inigualável, durona. Encobre a incompetência com a nova silhueta e faz da dieta de sucesso assunto principal em todas as rodas.
Tendo errado feio na previsão quanto ao desempenho de sua pupila, Lula tem de se superar na prática ilusionista, da qual é mestre. Sem constrangimento algum, ele se opõe a Dilma e defende o governo dela. Em um só fôlego, livra o PT e se arvora a combatente da corrupção. Como se o mensalão e a roubalheira confessa de R$ 6 bilhões da Petrobras não tivessem sido patrocinados pelo seu partido, por gente que ele próprio nomeou.
Na política do avesso todos perdem. O país não tem tempo para o oportunismo dos contorcionistas. Nem paciência.
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