Poucas coisas são mais relevantes numa história de vida do que exercer a presidência da República e o mesmo poderia ser válido para Dilma se ela fosse uma presidente. Contudo, o exercício vil do cargo culminou, na tarde desta terça-feira, numa esculhambação institucional tão indecorosa que a passagem dessa farsante pelo Planalto não define uma gestão, mas uma instrumentalização criminosa do Estado e respectivos símbolos, valores, equipamentos, pessoal e recintos. Tudo para berrar ao país indignado que a mulher encarcerada não o libertará e que o juiz Sérgio Moro é a reencarnação curitibana de Hitler.
Um professor – Santo Deus! – da UnB disparou que a corrupção num país de tantas desigualdades não é o maior problema, como se ela não as agravasse. O pânico denunciado no embuste covarde se explicava também porque, no Brasil real, a Polícia Federal deflagrava a 26ª fase da Lava Jato, a Xepa, revelando um departamento exclusivo na Odebrecht para cuidar da propina aos comparsas lulopetistas. As ameaças do ministro-irmão-camarada Aragão, as chicanas da AGU na figura ridícula do porquinho Cardozo para defender o ministério para o lorde cigano jeca dessa caravana rolidei troncha que não passará e a pajelança obscura no Planalto pela abolição da legalidade nos berros de uma farsante acuada prolongam a morte dessa realidade.
Que Dilma não renuncie à presidência, aos crimes e ao próprio cárcere voluntário, o fato é que, sem querer e em 14 anos desse regime torpe, faz o único bem, ainda que a um custo que só adivinhamos, ao Brasil que já lhe disse bye bye, pois o prolongamento disso servirá para tatuar fundo na volátil memória do país que saberá ser livre a lição dura e preciosa: esses carcereiros, nunca mais.
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