domingo, 17 de novembro de 2019

A política é uma folia

Jair Bolsonaro demitiu o partido que lhe servia de cavalo e anunciou a fundação de um novo partido, o Aliança pelo Brasil, a partir do zero. Faz sentido —zero é mesmo o patamar dos partidos políticos brasileiros, exceto pelas subvenções que eles recebem do dinheiro público. Como Bolsonaro se diz defensor desse dinheiro, o mais econômico seria que se filiasse a um dos 32 partidos já existentes. Poupá-lo-ia, inclusive, de achar para seu partido uma denominação que o distinguisse dos outros 32.

Todas as combinações possíveis já pareciam esgotadas. Apenas entre os que comercializam a sigla trabalho, temos o Partido Trabalhista Brasileiro, o Partido Democrático Trabalhista, o Partido Trabalhista Cristão, o Partido Renovador Trabalhista Brasileiro, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado e —epa!— o Partido dos Trabalhadores.


Na área socialista ou social-democrata, temos o Partido Socialista Brasileiro, o Partido Social Cristão, o Partido Social Democrático, o já citado e meio coringa Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado e o Partido da Social-Democracia Brasileira, o falecido PSDB. E alguém sabia que o ex-partido de Bolsonaro, o PSL se chama Partido Social Liberal?

Não há quem se entenda nessa algaravia de siglas: Pode, Pros, PCO, PTC, PRTB, PSTU. Há um PSB, um PSC e um PSD —quando virá o PSE? O dito PCO é o Partido da Causa Operária, com 3.688 filiados que chegam de kombi. Há o PMB, Partido da Mulher Brasileira, que, dizem, tem mais homens do que mulheres como adeptos. E a Justiça Eleitoral está analisando os registros de mais 76 partidos, entre os quais o Partido Militarista Brasileiro e o Partido Nacional Corinthiano.

Vou sugerir ao pessoal do Bola a criação do Partido Nacional do Bola Preta. Se a política é uma folia, um partido que leva para as ruas dois milhões de foliões no Carnaval pode arrasar nas urnas.

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