Uma notícia desta quinta me leva a fazer um convite aos empreiteiros enrolados com o petrolão: “Mirem-se no exemplo da banqueira Kátia Rabello (Banco Rural) e do publicitário Marcos Valério”. Ela foi condenada, no processo do mensalão, a 16 anos e 8 meses de prisão; ele, a 40 anos, 1 mês e 6 dias, para ser preciso. Guardaram essa informação? Então vamos a outra.
Ah, sim: o mesmo Janot já se disse favorável ao perdão judicial para Delúbio Soares e João Paulo Cunha. Quem vai decidir é o ministro petizado do Supremo Roberto Barroso, que é o novo relator do mensalão.
Atenção!
Tão logo o senhor Barroso conceda o perdão judicial, não haverá mais nenhum político cumprindo pena por causa do mensalão. Dirceu está preso de novo, mas é por causa do petrolão. Sem esse novo enrosco, é provável que estivesse também na lista.
Então veja que coisa formidável! Dirceu à parte, mas por outra imputação, restarão em cana, por causa do mensalão, a banqueira e o publicitário-operador.
Fica-se, então, com a impressão de que a dupla é que foi peça-chave no escândalo e que o mensalão foi uma urdidura para atender a interesses financeiros. É como se o mensalão não tivesse sido uma maquinaria política para assaltar o Estado e a democracia.
Sim, eu sei que os indultos concedidos se encaixarão em critérios previstos em lei e em decreto padrão assinado por Dilma. Mas os políticos mensaleiros só serão beneficiados porque, obviamente, a condução do processo e a dosimetria das penas acabaram sendo extremamente duras com os empresários e frouxas com os políticos.
Os senhores empreiteiros que se mirem no exemplo das mulheres de Atenas… Ou melhor: no exemplo de Katia Rabello e Marcos Valério.
Tudo mais constante, num prazo de uns três anos a partir da condenação, não haverá nenhum político em regime fechado por causa do petrolão, mas alguns empreiteiros estarão mofando na cadeia, como se o esquema criminoso que está sendo desvendado não tivesse uma natureza principalmente política.
Os depoimentos de João Santana e de Mônica não deixam dúvida: o objetivo é livrar a cara dos políticos e mandar os empresários para o quinto dos infernos.
As mulheres de Atenas “secavam por seus maridos”… Pergunto aos empresários: vale a pena “secar” por Lula e Dilma?
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