sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Se nada tem a ver com a corrupção, por que parecer que tem?

Tudo é possível neste governo. Mas em se tratando de assunto tão delicado, é de se supor que Ricardo Berzoini, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, não diria o que disse sobre a Lava-Jato sem autorização prévia da presidente Dilma. Afinal, pelo do cargo estratégico que ocupa, ele é um dos homens de sua absoluta confiança.

Em entrevista à agência Reuters, Berzoini afirmou que as investigações da Lava Jato, comandadas pelo juiz Sérgio Moro, estão sendo conduzidas por uma “visão midiática e uma tentativa de criar um clima de constrangimento no país”.

Há uma tentativa de se fazer um “impeachment cautelar” para evitar a candidatura de Lula a presidente em 2018, acrescentou o ministro. “Algumas coisas no Brasil estão sendo tratadas de maneira muito precipitada”.

O entrevistador quis saber se ela fazia uma crítica direta ao juiz Moro. Berzoini respondeu:

- Claro que é uma crítica

É a primeira vez, informou a Reuters, que uma autoridade de alto escalão do governo faz críticas diretas ao modo como Moro conduz a Lava-Jato.



Depois de dizer que “o governo procura, como Poder Executivo, evitar que sua ação seja encarada como uma intromissão em outros poderes”, mas que ele como cidadão tinha “o direito de ter opinião”, o ministro comentou que considera muito “esquisita” a prisão do marqueteiro João Santana.

Por sinal, a ordem dentro do governo é para que ministros defendam Santana. Ele precisa se sentir amparado.

Para Berzoini, “o combate à corrupção tem que ser um objetivo nacional permanente. Mas em nome de nenhum objetivo nacional permanente se pode ignorar os pressupostos do Estado Democrático de Direito.”

Questionado então sobre por que nenhuma das decisões de Moro foi revertida em instâncias superiores da Justiça, o ministro observou: “É uma boa pergunta.” E nada mais respondeu.

O que Dilma imagina ganhar quando um dos seus ministros tromba diretamente com o brasileiro (Moro) que é, no momento, o mais admirado do país?

Se nada tem a ver com a corrupção apurada pela Lava-Jato, por que Dilma faz questão de parecer que teme a descoberta dos seus verdadeiros responsáveis?

Presidente esquisita!

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