sexta-feira, 25 de março de 2022

Em uma democracia, o povo tem o governo que merece

Em 2018, no pior momento do PT, com Lula preso e a Lava Jato no auge, o partido lançou seu candidato a presidente faltando apenas 22 dias para o primeiro turno.

Mesmo assim, Haddad conseguiu 31.342.005 votos válidos (29,28% do total) e foi para o segundo turno. Perdeu por uma diferença de 10.756.941 votos para um candidato esfaqueado.

Na noite do dia 6 de setembro daquele ano, a menos de 12 horas de ser esfaqueado, Bolsonaro tinha 21% das intenções de voto, segundo pesquisa do Instituto Ideia Big Data Ideia.

No dia 10, saltou para 24%. No dia 18, para 27%. No dia 25, para 31%. E no dia 5 de outubro para 33%. Capitu traiu ou não Bentinho? A facada elegeu Bolsonaro?

“Dom Casmurro”, romance de Machado de Assis publicado em 1889, conta a história de Bentinho, apaixonado por Capitu. Estudiosos divergem até hoje se Capitu traiu ou não Bentinho.

Quando levou a facada, Bolsonaro carecia de votos, de dinheiro, de tempo de propaganda eleitoral na televisão, e de apoio partidário para se eleger. Carecia também de qualidades para tanto.

Recuemos pouco mais de um ano. Entre abril de 2017 e novembro de 2018, o voto espontâneo em Bolsonaro quase dobrou de tamanho. Foi de 6% para 11%. O que se passou no período?

Aécio Neves (PSDB) foi flagrado pedindo dinheiro ao empresário Joesley Batista, e Joesley gravou o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu dizendo: “É para manter isso aí”.

Políticos e empresários foram presos. Um ex-deputado, assessor de Temer, foi filmado no centro de São Paulo carregando uma mala estufada de dinheiro. A imprensa só falava de corrupção.

Em junho de 2018, a uma pergunta feita pelo Big Data Ideia, 57% dos eleitores entrevistados haviam respondido que “não votariam em um candidato do PT de jeito nenhum”.

O PT fez três apostas erradas: Lula seria solto a tempo de disputar a eleição; se não fosse, transferiria seus votos para Haddad; e Bolsonaro era o adversário mais fácil de ser derrotado.

O voto útil manifesta-se no segundo turno de uma eleição quando o eleitor vota em um candidato para impedir que o outro ganhe. Em 2018, por pouco, Bolsonaro não foi eleito no primeiro turno.

Foi sobre o PT e a corrupção a eleição de 2018. A deste ano será sobre Bolsonaro e o seu desgoverno. Diante da fraqueza dos demais candidatos, o voto útil já está se manifestando.

Bolsonaro cresce; Lula começa a escorregar para baixo; os pesados ataques à sua imagem ainda não começaram. João Doria (PSDB) perde para a margem de erro de 2 pontos percentuais.

Presidente algum, desde que a reeleição passou a ser permitida aqui, jamais perdeu. Bolsonaro poderá ser o primeiro, ou a escrita se confirmará com a reeleição do pior governante da História.

Em uma democracia, mesmo nas vilipendiadas, cada povo tem o governo que merece. É uma questão de escolha.

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