domingo, 1 de março de 2020

É preciso que o país elimine todos os privilégios da nomenklatura, seja civil ou militar

O jornalista Hildeberto Aleluia, sempre atento aos interesses nacionais, nos enviou artigo escrito pelo major-brigadeiro Jaime Rodrigues Sanchez, sob o título “A Sucuri Marajá”, a propósito de recente decisão da Mesa do Senado, presidida por Davi Alcolumbre (DEM-AP), que teve a desfaçatez de assinar ato que amplia para 33 anos a idade máxima de permanência de filhos e enteados no Sistema Integrado de Saúde do Senado.

“Chega a ser repugnante a ganância e o despudor com que o Legislativo se apropria do erário e o desprezo que demonstra pelo cidadão que o elegeu”, diz o chefe militar.

No artigo, assinala o major-brigadeiro: “Vergonhosamente, o plano de saúde dos senadores é vitalício, como se o senador fosse um funcionário concursado, de carreira. Têm também esse direito ex-senadores, o suplente que permanecer no cargo por apenas 180 dias ininterruptos, bem como seus cônjuges e dependentes. Se esse período “ininterrupto” coincidir com as férias escolares parlamentar, desde que ele não deixe o cargo, bastarão apenas algumas semanas de trabalho, suficientes para garantir o plano de saúde pelo resto da vida”.

E acrescenta: “Esse dadivoso plano beneficia até quem perdeu o mandato por quebra de decoro ou desvios de dinheiro público. Uma vergonha! É também oferecida uma opção para os serviços de sua livre escolha, com ressarcimento de despesas, incluindo hospitais de “excelência”, no sentido amplo da palavra, como o Hospital Sírio-Libanês e o Hospital Israelita Albert Einstein”.

A revolta do major-brigadeiro é procedente. Mas ele deveria levar em consideração que os militares e seus dependentes também estão muito bem servidos em matéria de assistência médica, odontológica e até farmacêutica. Na verdade, tanto as famílias dos congressistas quanto às dos militares estão sendo claramente beneficiadas.

Senadores, ex-senadores e cônjuges descontam ou pagam R$ 280 mensais mensais, com mais para R$ 154 para cada filho e R$ 410 para pai ou mãe. Uma moleza, não é mesmo?

E os militares (da ativa, da reserva e pensionistas) também pagam quantias irrisórias, com o máximo de 3,5%. Se esse desconto for sobre o soldo ( não consegui descobrir), não chega a R$ 500 nas maiores patentes, para garantir a saúde da família inteira. Se for sobre a remuneração total, incluindo gratificações e adicionais, o desconto será de no máximo R$ 1.150 mensais, para o plano de saúde da família inteira de oficiais-generais. Mesmo assim, também é uma moleza, porque eles recebem cerca de R$ 30 mil mensais. incluidas as gratificações e adicionais.

O fato concreto é que estamos diante de privilégios concedidos à nomeklatura civil e militar, custeados com recursos públicos (do povo, portanto).

Quanto se lê um artigo violentíssimo como o assinado pelo major-brigadeiro, que até amaciei um pouco, percebe-se que as pessoas continuam raciocinando de forma corporativa, sem colocar em destaque o interesse nacional. E assim fica o roto falando mal do esfarrapado, como dizia o ditado antigo. Ou um privilegiado falando mal de outro, como é o caso.

Com toda certeza, o país precisa eliminar todos os privilégios. Mas quem se interessa?

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