Angel Boligan |
Se assim está o panorama nacional, em Minas Gerais basta ler a lamentação de um candidato ao governo que, tendo sido chamado a debater para uma audiência de mais de 850 prefeitos municipais, teve a terrível surpresa de encontrar apenas dois esperando para ouvi-lo. Nem quando fui candidata ao Palácio da Liberdade, em 1982, por um PT que ainda engatinhava, havia tanto descaso e desrespeito!
Aliás, pelo contrário, naquela época, neófita, cheguei a fazer comício para mais de 10 mil pessoas. Gente que vinha por curiosidade ver uma mulher candidata a governadora e um negro candidato a senador. Bons tempos em que se antevia o fim (melhor diria, a transição pactuada por Tancredo Neves) da ditatura militar para a “redemocratização”, com todas as aspas possíveis e imagináveis.
As poucas mudanças de fundo na lei eleitoral chegam quase a um desastre completo. As que visaram controlar o voto de cabresto lograram tornar mais caras as campanhas ao impedir pequenas iniciativas de que as candidaturas pobres lançavam mão para não passar totalmente despercebidas. Hoje, talvez, não se possa fazer atividades no Dia das Crianças porque pode parecer astúcia para obter o voto dos pais. Distribuir mudas de plantas ornamentais na entrada da primavera, nem pensar! Showmício, mesmo de graça, é ilegal: virou símbolo de moeda de troca.
Restou a televisão, cujo tempo de propaganda eleitoral foi tão reduzido que nem a filha de Enéas Carneiro, Gabriela Guimarães Enéas, vai conseguir dizer todo seu nome num único programa, mesmo que o encurte para Gabriela Enéas... Além de ser mais uma arrivista a aportar nestas Minas Gerais para ser candidata majoritária. Como se não bastasse a outra, que todos conhecemos e que confunde Governador Valadares com Juiz de Fora!
Vexame mesmo, porém, foi dado pelo governador, candidato à reeleição, que não paga, ou paga muito atrasado a maioria dos servidores públicos, mas que logrou ganhar boas e espontâneas doações, via crowdfunding, dos que ocupam cargos de confiança na alta administração estadual. Esses recebem em dia? Por que haveria dinheiro bastante para eles, e não há para os professores?
Nossa escolha terá de seguir a lição de Pedro, meu neto: “Vó, a gente vota no que vai fazer menos estragos porque o melhor não existe!”.
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