quarta-feira, 25 de julho de 2018

Mais uma vez os brasileiros irão às urnas para tentar escolher o menos pior

Para quem se preocupa com o país e se empenha por um futuro melhor, a política brasileira está cada vez mais decepcionante. Como se sabe, diversos partidos que vivem à sombra do poder se reuniram para influir juntos na eleição presidencial, num grupo autodenominado de Centrão, posicionamento que lhes propicia pastar à direita e à esquerda. Há duas semanas, foram surpreendidos pela reação vigorosa do governo Temer. Através do truculento ministro Carlos Marun, o Planalto ameaçou demitir todos os correligionários por eles indicados.

O mais incrível foi que, ao invés de obrigar que apoiassem Henrique Meirelles, que é o verdadeiro candidato do governo, o presidente Temer mandou essa expressiva parcela da base aliada fizesse aliança com o candidato Geraldo Alckmin, do PSDB, um partido que faz tempo não integra o governo.


Acostumados à política do toma lá, dá cá, os partidos do Centrão imediatamente se curvaram às ameaças de Marun e na última quinta-feira se aliaram a Alckmin, embora saibam que as chances do tucano são rarefeitas, pois até agora foi o único candidato à Presidência que teve menos voto no segundo turno do que no primeiro.

Mas a subserviência do Centrão foi apenas missão passageira, que tem data de validade no dia 7 de outubro. No dia seguinte, à espera do segundo turno, todos gritam “barata voa” e cada partido do “Centrão” escolhe se apoia algum dos candidatos ou fica neutro, para entrar na base aliada após a posse.

É assim que caminha a humanidade, aqui do lado de baixo do Equador, não há nada de novo no front ocidental.

Sabe-se que o Centrão não queria apoiar Alckmin e os problemas já começaram. Primeiro, o Solidariedade pediu um tempo, porque Alckmin refugou sobre a volta da contribuição sindical. Depois, o próprio candidato tucano deu uma declaração infantil, propondo reduzir o número de deputados e senadores, e desse jeito não tem apoio que aguente.

Embora a História do Brasil seja repleta de vices que se tornaram presidentes – como João Goulart, José Sarney, Itamar Franco e Michel Temer –, o mais curioso é que ninguém quer ser companheiro de chapa. Magno Malta, Josué Gomes, Mendonça Filho e Janaina Paschoal, não necessariamente nesta ordem, já se recusaram a compor chapas com Bolsonaro, Lula, Alckmin ou Ciro Gomes.

A confusão é patética, capaz de enlouquecer qualquer observador estrangeiro. Como explicar que há um possível vice (Josué Gomes) que já foi cobiçado por três partidos – PT, PSDB e PDT? Seria Josué um gênio da política? Não, é apenas um jovem milionário que herdou um império empresarial.

A única coisa certa nisso tudo é que, excetuando-se os correligionários radicais dos candidatos, a esmagadora maioria dos eleitores votará com um dedo tampando o nariz, para escolher o menos pior.

Gostaria de ver os candidatos discutindo os seis grandes temas nacionais – dívida pública; reforma da Previdência; reativação da economia, que significa empregos; recuperação do SUS; revigoramento da educação pública; mais rigor na segurança.

Como dizia o genial humorista Paulo Silvino, perguntar não ofende, e o povo quer saber.

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