O indignar tem sido arma de retórica de muitos. Até mesmo pelo fato de que o Brasil é um país que tem inúmeros motivos para causar indignação. O indignar, no entanto, tem sido usado de forma pouco eficiente, já que embute uma perigosa armadilha. E, ao cairmos na armadilha da indignação, temos nossos sentidos obliterados.
Pawel Kuszynski |
Quase todos os grandes líderes da humanidade usaram a indignação como forma de manipular o povo. Mas essa não é uma prerrogativa apenas das pessoas. Instituições também manipulam as expectativas do povo, e o recurso da indignação é o caminho mais curto para se chamar a atenção.
Em um país de pobre estofo gramatical e onde a teatralidade no falar vale mais do que a literalidade das palavras, a indignação cai bem. Por isso qualquer coisa pode ser dita a um brasileiro, desde que seja dita sem exaltação. Já qualquer coisa banal dita com tom de indignação causa efeito. Dar mais valor à forma que ao conteúdo é um aspecto selvagem de nosso povo.
Ocorre com os cachorros: palavras de carinho ditas agressivamente causam temor e raiva; palavras depreciativas sussurradas carinhosamente geram alegria e satisfação. Um anúncio comercial de tubos e conexões da Tigre, em que dois operários trocam palavras doces e inconsequentes em tom de briga, mostra bem como isso funciona. O mote é: “Por um mundo sem palavrões; use palavrões fofinhos”.
Nosso povo, ao examinar a política, deveria dar mais valor ao conteúdo do que é dito do que à sua forma. Pois, no afã de se fazer ouvir, muitos gritam tolices. Criam pânico e agem como Pedro, personagem da fábula Pedro e o Lobo. Enfadado ao cuidar das ovelhas, Pedro resolveu gritar que um lobo estava a atacá-las. Foi socorrido pelos fazendeiros, que não encontraram lobo nenhum. A brincadeira se repetiu até o dia em que o lobo apareceu de verdade, comeu as ovelhas e os fazendeiros não foram socorrer, pois achavam que os gritos eram de brincadeira.
A indignação nas palavras deve ser processada com muito cuidado. O que é vendido fácil demais como verdade absoluta tem uma grande chance de ser algo que não vale o seu valor de face. O alarmismo tende a criar uma capa de insensibilidade que nos leva ao cinismo a respeito das coisas, das pessoas e das instituições. Já a prudência, por mais enfadonha que seja, pode nos levar à precisão.
Em um país de pobre estofo gramatical e onde a teatralidade no falar vale mais do que a literalidade das palavras, a indignação cai bem. Por isso qualquer coisa pode ser dita a um brasileiro, desde que seja dita sem exaltação. Já qualquer coisa banal dita com tom de indignação causa efeito. Dar mais valor à forma que ao conteúdo é um aspecto selvagem de nosso povo.
Ocorre com os cachorros: palavras de carinho ditas agressivamente causam temor e raiva; palavras depreciativas sussurradas carinhosamente geram alegria e satisfação. Um anúncio comercial de tubos e conexões da Tigre, em que dois operários trocam palavras doces e inconsequentes em tom de briga, mostra bem como isso funciona. O mote é: “Por um mundo sem palavrões; use palavrões fofinhos”.
Nosso povo, ao examinar a política, deveria dar mais valor ao conteúdo do que é dito do que à sua forma. Pois, no afã de se fazer ouvir, muitos gritam tolices. Criam pânico e agem como Pedro, personagem da fábula Pedro e o Lobo. Enfadado ao cuidar das ovelhas, Pedro resolveu gritar que um lobo estava a atacá-las. Foi socorrido pelos fazendeiros, que não encontraram lobo nenhum. A brincadeira se repetiu até o dia em que o lobo apareceu de verdade, comeu as ovelhas e os fazendeiros não foram socorrer, pois achavam que os gritos eram de brincadeira.
A indignação nas palavras deve ser processada com muito cuidado. O que é vendido fácil demais como verdade absoluta tem uma grande chance de ser algo que não vale o seu valor de face. O alarmismo tende a criar uma capa de insensibilidade que nos leva ao cinismo a respeito das coisas, das pessoas e das instituições. Já a prudência, por mais enfadonha que seja, pode nos levar à precisão.
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