Cercado pelos diversos matizes do verde, foi de Pedro do Rio, onde também nasce a mais bonita das luas, em manhã de sol e céu estonteantemente azul, sob temperatura extremamente amena, que me detive outra vez a pensar sobre nosso país. Lembrei-me, então, de que, há seis décadas, pelo menos, me preocupo com seu destino, com o que vai nos acontecer, mas, em especial, com o que vai acontecer aos desvalidos, que constituem a imensa maioria de nosso povo. São os deserdados de tudo. Que não têm vez nem voz. “São intrinsecamente bons, mas se tornam violentos diante da injustiça”, como disse certa vez o escritor italiano Domenico De Masi, um eterno apaixonado pelo Brasil.
As opiniões, que não nos faltam, sobretudo agora, com a sagrada liberdade de imprensa e com o advento das redes sociais, que aceitam tudo e mais alguma coisa, atendem todos os gostos. Vêm da esquerda ou da direita, de centro-esquerda ou centro-direita, ou dos radicais, tanto da direita quanto da esquerda. Todos opinam, mas nunca se esquecem de deixar claro que o que mais lhes interessa é a defesa de seus próprios privilégios. Nossos políticos, em maioria, ainda não perceberam o risco que correm quando defendem, criminosamente, “seu pirão primeiro”. Brincam com a paciência de um povo que já provou, em diversas oportunidades, como o fez agora no Espírito Santo (o Estado mais bem-governado do país), que a violência, que jamais poderá servir de exemplo, pode, num átimo, transformar-se em realidade.
O prefeito recém-eleito do Rio (pobre e sofrida cidade de são Sebastião!), Marcelo Crivella, esteve em Brasília para convencer ministros do Supremo Tribunal Federal de que, ao nomear o filho seu secretário da Casa Civil, não praticou ato de nepotismo. E, ao defender o guapo rebento, ainda afirmou: “Ele não é suscetível nem melindroso. Ele sabe que a vida pública não é concurso de beleza. Tem controvérsias. É o preço que se paga para conquistar um lugar no coração do povo”.
É bem provável que a melhor opinião esteja com o ex-ministro Carlos Ayres Brito: “Que ninguém se atreva, sozinho ou enturmadamente, a estancar o curso do amazônico rio da Justiça. Da justa e jurídica tomada penal de contas dos defraudadores da inegociável honra do país”. Vale dizer: que todos, enfim, sejam iguais perante a lei.
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