Que diferença faz Marcelo Castro um dia a mais ou a menos combatendo os mosquitos? A aritmética nos responde: nenhuma! Aliás, ele está na categoria nada rara das pessoas que rendem o dobro se não fizerem nada. Castro pode dar corpo àquela máxima metafísica de Dilma: se a sua meta de trabalho for zero, a eficiência será dobrada. Mas não é de pragmatismo que trato aqui.
Mesmo os idiotas são mais suportáveis quando conhecem as regras da etiqueta. Costumam, por exemplo, falar menos, e, como diria Machado, o silêncio quase sempre é a melhor forma de afetar circunspecção.
Mas o governo Dilma e o petismo como um todo já não se importam mais com as aparências ou com o refinamento. Se a mulher de César se parece com uma vestal ou com uma rameira, que diferença faz? A única coisa que interessa é mover as peças da política para manter sequestrado o Estado brasileiro, ainda que o país vá à breca e que, ao fim, sejam os brasileiros a se danar.
Vejam o espetáculo grotesco dos milicianos lulistas às portas do Fórum da Barra Funda ou dos parlamentares petistas estabelecendo em torno do demiurgo uma espécie de cerco da impunidade.
Pedem respeito à história de Lula, acusam um grande complô, dizem que ele é vítima de setores do Estado capturados pela direita, mas não conseguem explicar, afinal de contas, por que diabos empreiteiros resolveram presenteá-lo com melhorias num sítio que não seria dele.
Na quarta (17), pouco antes de Dilma respirar aliviada com a vitória de Leonardo Picciani, a Standard & Poor's voltou a rebaixar a nota do Brasil. Na quinta (18), a bancada do PT na Câmara se reuniu para esconjurar a reforma da Previdência e definir as prioridades de 2016: afastar o impeachment e defender Lula.
Acreditem: Dilma está nos empurrado para uma crise que pode não ter precedentes.
Encerro com um trecho de "Declínio e Queda do Império Romano", de Edward Gibbon: "De todas as nossas paixões e apetites, o amor ao poder é o de natureza mais imperiosa e insociável, pois a soberba de um homem exige a submissão da multidão. No tumulto da discórdia civil, as leis da sociedade perdem a força, e o lugar delas raramente é preenchido pelas leis da humanidade. O ardor da disputa, a arrogância da vitória, o desespero do êxito, a lembrança de injúrias passadas e o temor de perigos vindouros, tudo contribui para inflamar o espírito e calar a voz da piedade. Por tais motivos, quase todas as páginas da história estão manchadas de sangue civil".
Saia logo daí, Dilma! Ainda dá tempo.
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