terça-feira, 10 de novembro de 2015

Não se justifica o desânimo atual em relação aoimpeachment

A grande imprensa afrouxou, o governo e os políticos estão pouco ligando para a eternização da crise econômica. Enquanto a inércia e a omissão reinam em Brasília, mui justamente conhecida como “Ilha da Fantasia”, a inflação não cede, o desemprego dispara, não há investimentos e a dívida pública interna e externa aumenta em progressão geométrica. Mas quem se interessa? Os governistas argumentam que Japão, Canadá e muitos outros países têm uma relação de PIB e dívida pública até maior do que a nossa, como se isso justificasse alguma coisa.
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Não entendem (ou escondem) que a grande diferença são os juros ínfimos que esses países pagam, bem menores do que a nossa taxa Selic, o que lhes permite irem rolando eternamente a dívida, como sugeria acertadamente o economista Delfim Netto, antes de se curvar ao petismo e se transformar em mais um puxa-saco oficial.

Nesse clima de pré-caos econômico, com a nação à beira do abismo, está havendo uma retração no movimento a favor do impeachment de Dilma Rousseff, como se o afastamento do desastroso governo nada significasse. Mas este pensamento acomodado e sinistro é um clamoroso equívoco.

Todos sabem que a crise se chama Dilma Rousseff. No dia em que o pedido de abertura do processo de impeachment for aceito pelo presidente da Câmara, a Bolsa vai ter uma alta instantânea, os empresários vão se animar e o país ficará em festa.

Não importa se o vice-presidente Michel Temer é antipático ou inexperiente em atividades do Executivo, nada disso será levado em conta, porque todos sabem que qualquer um será melhor do que Dilma, pois tudo dá sempre errado com ela, seu governo não consegue acertar nem mesmo em coisas da maior simplicidade, como a confecção de um simples boleto para pagamento do FGTS das domésticas.

Desde novembro de 2014, quando Joaquim Levy e Nelson Barbosa foram indicados para a equipe econômica, fala-se num ajuste fiscal que até agora, um ano depois, ainda não existe. A crise está se agravando, e nada. Vêm aí Natal, Ano Novo, Carnaval e Semana Santa, e a pasmaceira continuará. Está claro que Dilma Rousseff não se importa com o país. A única preocupação dela é continuar no governo, mesmo que seja detestada e nem possa mais sair às ruas.

Embora a imprensa e a oposição tenham baixado a bola, o impeachment não está sepultado. Muito pelo contrário, está cada fez mais vivo e ameaçador. Como todos sabem, só depende do deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara. Ele avisou que decidirá o assunto no mês de novembro, e já estamos no dia 10.

Cunha sabe que o acordo que celebrou com Lula, Dilma e Jaques Wagner é uma peça de ficção. Nenhum dos três tem poderes para influir na Procuradoria-Geral da República e no Supremo, a fim de eternizar o inquérito contra o presidente da Câmara. Se o procurador Janot apresentar a denúncia formal ao Supremo, o processo terá de ser automaticamente aberto e Cunha deixará a presidência da Câmara, conforme o jurista Jorge Béja já explicou aqui na Tribuna da Internet.

Se Cunha bobear, pode perder o direito de abrir o impeachment e estará liquidado para sempre. Será a pior derrota política de sua carreira. Ele sabe que não há alternativa. Tem de aceitar o impeachment o mais rápido possível, porque seu tempo está se esgotando. Se aprovar logo o pedido para abrir o processo, Cunha ganhará fôlego para se defender, pois quem passa a ser bola da vez será Dilma, não ele.

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