terça-feira, 9 de setembro de 2014

A encruzilhada da mudança


Não é a primeira vez que o Brasil se vê desafiado pelas encruzilhadas da História. Os eleitores escolherão caminhos de mudança, uns mais bem pavimentados, outros potencialmente acidentados. Manter as coisas como estão não é boa alternativa, como já está claro para a maioria.

Não é segredo para ninguém que a candidata Dilma Rousseff, independentemente das boas intenções que tenha – e as tem – embarcou num desvio que está custando caro a ela e ao país. A partir da crise de 2008, ainda no governo Lula, como ministra toda-poderosa, Dilma (e Mantega, ou sei lá quais outros ideólogos) definiram uma “nova matriz econômica” para o Brasil. Acontece que a nova matriz era velha e não produziu o feitiço esperado. Repetiu-seu erro de pensar que misturando ingredientes (gasto público solto, política monetária leniente, crédito público a mil, isenções fiscais aqui e acolá, microgerenciamento das decisões empresariais, etc) e agitando o caldeirão da política econômica, o governo asseguraria o milagre do crescimento contínuo e a felicidade geral do povo. As preocupações contrárias foram consideradas fórmulas velhas, “ortodoxas”, monetaristas, submissas ao FMI, propensas a fazer o ajuste fiscal à custa do povo.


Os resultados estão à vista e em mau momento: o das eleições. O PIB não cresce, antes se contrai e a inflação roça o teto da meta e só não o ultrapassa porque há preços artificialmente represados pelo governo; a indústria diminui de tamanho e perde competitividade e os investimentos despencam junto com a confiança das empresas no governo. Pudera, o superávit primário virou pó, apesar dos artifícios contábeis e das “pedaladas fiscais”; os bancos públicos, chamados a injetar anabolizantes creditícios na economia e a bancar o voluntarismo do governo no setor elétrico, encontram-se expostos a créditos de qualidade duvidosa, criando dúvidas adicionais sobre a situação fiscal do país; a Petrobras e a Eletrobras igualmente submetidas ao voluntarismo governamental perderam valor e capacidade de inversão; as reservas do Banco Central encontram-se comprometidas pelos swaps cambiais (quase cem bilhões de dólares) e por aí vai. Cáspite! como se dizia nas histórias em quadrinhos dos anos 1940, é encrenca para não botar defeito.

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