quinta-feira, 21 de julho de 2022

Campanha manchada de sangue, eivada de crimes

Que vergonha! Jair Bolsonaro cometeu (mais um) crime ao reunir na tarde de terça-feira, em Brasilia, embaixadores de vários países (nomes não foram divulgados) para tentar emporcalhar mais uma vez a imagem do Brasil e do nosso sistema eleitoral. Usou dependências oficiais da Presidência da República para investir contra as urnas eletrônicas, Lula, os ministros do STF, e sabe-se lá quem mais.

Agenda inútil. Tiro no pé. Instruídos a não dar munição a um presidente escandalosamente mal visto mundo afora, os diplomatas fizeram silêncio constrangedor ao final dos insultos de Bolsonaro. Perverso, obviamente o sujeito não vai desistir. Insistirá na guerra insana contra as eleições de 2022.

Vejamos. Nos últimos dias, uma avalanche de números falsos, pesquisas distorcidas, cenários fabricados, invadiram as redes sociais, sobremaneira entre bolsonaristas. Enquanto Lula se mantém à frente de Bolsonaro, com reais chances de chegar ao segundo turno – podendo vencer no primeiro – adeptos do presidente praticaram o que de melhor sabem fazer: espalhar mentiras.

Reportagem desse domingo,17, em O Globo, assinada por Marlen Couto e Jessica Marques, mostrou casos de textos falsos atribuídos a institutos de pesquisa dando vitória esmagadora a Bolsonaro. Segundo a noticia falsa atribuída ao Paraná Pesquisas, o negacionista ganharia com 70% em vários estados brasileiros. Não há um estado que dê tal proporção a ele.


O próprio instituto desmentiu a matéria. A pedido do Globo, a Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas verificou os dados e pontuou que, entre 1º de junho e 5 de julho, a mensagem sobre a vitória de Bolsonaro no primeiro turno apareceu 35 vezes em 25 grupos de WhatsApp, em um universo de 172 grupos públicos monitorados.

A mentira está ali para mexer com a emoção das pessoas. Ouvido pelo Globo, o Diretor de análises públicas da FGV, Marco Aurélio Ruediger chama a atenção para esse componente. “Não é para fazer o eleitor pensar, é para que ele pegue essa informação falsa, acredite nela e compartilhe com os amigos”, diz Ruediger.

Bolsonaristas são experts em produzir mentiras. O exemplo vem de cima. Nunca se viu um presidente que mente tanto quanto Bolsonaro. Quando não mente, decreta sigilo de 100 anos para suas estrepolias, ou para as diabruras dos filhotes, caso Flavio e a Receita Federal. Só não conseguiu esconder o gasto extraordinário no cartão corporativo da Presidência, em dois anos: $ 26 milhões, ou 37 mil cestas básicas a $ 700.

Bolsonaristas são violentos. Na campanha, em 2018, o fulano exibiu uma arma num palanque, conclamando a população a “fuzilar a petralhada”. Foi no Acre. Houve morte em 2018. Assassinado por motivos políticos, Moa do Katendê foi esfaqueado porque não gostava de Bolsonaro. Foi na Bahia.

Em 2022, o ódio disseminado pelo Presidente fez a primeira vítima: no Paraná. O tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, Marcelo Aloizio de Arruda, foi assassinado pelo policial bolsonarista José da Rocha Garanho. O assassino gritou: “aqui, é Bolsonaro”, e matou Marcelo, a sangue frio, em sua festa de aniversário. Ontem, foi encontrado o corpo de Claudinei Coco Esquarcini, 44. Tratado como suicidio, muito provavelmente conectado ao crime de Foz. Diretor da associação onde ocorreu a festa de Marcelo, Claudinei seria o encarregado pelo sistema de câmeras de vigilância no local do crime.

Diante de tanta violência e fraudes, a facada de 2018, até hoje mal explicada, mal investigada, terá sido apenas uma sandice. Teorias conspiratórias à esquerda e à direita questionam a facada da qual Bolsonaro tirou muito proveito. Tira até hoje. Nada impedirá que explore mais ainda em 2022. Este ano, foi internado duas vezes, alegando consequencias da facada. Eram camarões não mastigados. Aff. O caso foi reaberto em novembro. Aguardemos.

Nesse cenário de filme de terror, trilher de suspense e dor, vamos as urnas daqui a 76 dias. Nada será fácil. Lidamos com um sujeito maquiavélico, que tem a caneta e as chaves do cofre (distribuiu bilhões aos seus parlamentares de estimação, a começar por Arthur Lira). Nos atormenta, é natural, o medo diante de tantos crimes, manobras, mentiras, distribuição de dinheiro publico para compra de votos.

Haja esperança. Haja coragem. Falta pouco.

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