terça-feira, 21 de abril de 2020

A peleja entre Bolsonaro e o coronavírus

Corte! Recuemos 10 ou 14 anos. O presidente da República chama-se Luiz Inácio Lula da Silva. Com dificuldades para governar, ele autoriza militantes do PT a irem às ruas em seu socorro. No dia marcado, um grupo numeroso de militantes, empunhando bandeiras vermelhas e vociferando contra o Congresso e a Justiça, se concentra diante do Quartel-General do Exército, em Brasília. Lula aparece, discursa e prega a ascensão do povo ao poder.

Como reagiriam os militares? Soltariam uma nota condenando o ato de natureza claramente golpista? Pelo menos uma nota para garantirem que nada tiveram a ver com o que assistiram tão de perto? Renovariam seu compromisso em respeitar a Constituição? Ou nada fariam, recolhendo-se ao silêncio? O “povo no poder” dito por Lula soaria à provocação, coisa de esquerdista? O de Bolsonaro, um extremista de direita, como coisa normal?

O Grande Mudo, como é conhecido o Exército, foi dormir calado. Políticos de todos os matizes foram dormir apreensivos. Quando se pensa que Bolsonaro ultrapassou todos os limites da irresponsabilidade, ele vai adiante. No seu caso, por desespero, mas não incoerência. Bolsonaro enveredou há muito tempo pela Avenida da Irrelevância. Perdeu o bonde da História quando subestimou o coronavírus. Não soube ou não quis corrigir o passo.


Por incoerência não morrerá. Foi um mau militar, como dele disse o ex-presidente Ernesto Geisel. Afastado do Exército por indisciplina e conduta antiética, alojou-se durante 28 anos na Câmara e, ali, foi um deputado sem nenhuma importância. Acidentalmente eleito presidente, o que se poderia esperar dele se não que fosse um presidente medíocre? Muita gente, mesmo assim, ainda acha que valeu a pena porque derrotou o PT.

A situação terá que piorar muito para que só depois comece a melhorar, ouvi de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Em meio a uma pandemia, não se depõe presidente. Sirva de consolo que em meio a uma pandemia também não se aplica golpe. Impeachment não é golpe. É instrumento previsto na Constituição para remover governantes ineptos que perdem o apoio político necessário para governar. A hora de Bolsonaro chegará.

Ninguém, mais do que ele, se empenha tanto para que chegue a hora da verdade. Bolsonaro compete com o coronavírus para ver quem causará maior estrago ao Brasil.

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