Nem por isso subestimem a situação de um avô impedido de abraçar, beijar ou simplesmente de tocar seus netos, como é o meu caso. Quando a mãe e o pai tiveram a generosidade de vir morar aqui ao lado, no mesmo andar, porta com porta, era para que Alice e Eric permanecessem perto dos avós mais velhos (eles têm outros, mas novos). Além disso, sabiam que seríamos uma proteção a mais. Podiam sair à noite tranquilos para o cinema, porque as portas ficariam entreabertas, e Mary e eu estaríamos de olho.
Por outro lado, Alice, que hoje tem 10 anos, e Eric, 7, não demoraram a descobrir que o apartamento vizinho era o fascinante território da permissividade, onde podiam praticar os excessos que em casa não lhes permitiam, sobretudo em matéria de doces. É o mínimo que podemos oferecer em troca do prazer que recebemos. Aliás, costumo dizer que se soubesse que era tão bom ser avô teria pulado a etapa dos filhos.
Agora se discute se é mais perigoso deixar que as crianças frequentem a escola ou que permaneçam em casa aos cuidados dos avós. Depois de ouvir especialistas, a jornalista Ana Lucia Azevedo concluiu: “há risco em deixar criança com avós, mas é melhor que ir à escola”.
Enfim, por mais doloroso que seja para nós, que diariamente abraçávamos e beijávamos Alice e Eric, temos que nos contentar com beijos e abraços à distância. E não consideramos “histeria” as medidas contra a pandemia.
Histérico é ... deixa para lá. É bom não mexer com quem não regula bem.
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