A desadaptabilidade da escola aos tempos atuais faz com que o aluno não veja o professor como o condutor para uma vida melhor. A consciência dos alunos de que a escola não está sendo um instrumento de sua promoção social faz com que o professor não seja visto como construtor do seu futuro.
No Brasil, o profissional está diretamente ligado ao seu prestígio material identificado com o salário. Com baixa remuneração, o professor se diminui no imaginário da população e dos alunos; desprestigiado, sofre bullying e é candidato a vítima de violência moral e física.
A desconexão geracional é um fenômeno de quase todo profissional nos tempos de hoje, mas a situação é mais grave na escola porque o professor lida com crianças e adolescentes que estão mais sintonizados com os novos tempos e instrumentos do que os clientes já adultos de outros profissionais. Essa desconexão geral com estranhamento pode se transformar em violência.
A principal causa da violência é o mundo político que despreza a educação e o professor. Quando, às vezes, despertam para o problema da violência contra o professor, os dirigentes políticos decidem tratar o assunto como caso de polícia, de repressão.
Todas essas causas têm a ver com características da “mente brasileira”, que jamais colocou a educação como um valor central da sociedade, como o indicador maior de riqueza e de progresso, desprezando o elemento-chave da geração de saber: o professor.
A retomada da disciplina é um ponto de partida, embora não suficiente, para quebrar o círculo vicioso da violência. E no atual quadro de indisciplina, dificilmente os professores são capazes de romper com isso. É preciso assessoria técnica para entender as medidas necessárias, sem deixar de ser escola.
O uso de uniformes, a pontualidade do aluno e do professor, o respeito coletivo aos símbolos nacionais, a exigência do bom comportamento, com penalidade aos que desrespeitam o funcionamento escolar, são medidas disciplinadoras que certamente ajudarão a coibir a violência.
No entanto, transformar as escolas civis em escolas militares – tal como ocorre no Distrito Federal – não é o caminho. Manter diálogo com assessores do meio militar, subordinados aos professores, psicólogos e psicopedagogos, pode trazer vantagens.
Para isso, é preciso que os professores entendam que eles serão os grandes beneficiados imediatos com o novo clima de respeito que será criado. E que compreendam também que a indisciplina, além de violência, é um gesto antidemocrático, porque desrespeita as instituições e as pessoas.
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