Isso ocorre por causa da adoção de exitosas políticas fiscal e monetária, de um rigoroso controle da inflação e da aprovação de uma agenda de reformas que incluiu a modernização das legislações trabalhista e tributária. Este pacote tem atraído um número cada vez maior de investimentos estrangeiros para o país, notadamente após a eleição do presidente Horacio Cartes, do Partido Colorado, em abril de 2013.
Cartes – dono de um conglomerado de empresas e um dos homens mais ricos do país – elegeu o combate ao desemprego como uma das marcas de seu governo. Como informa a reportagem de Fernando Scheller publicada no Estado, mais de 70% da população de 6,8 milhões de habitantes têm menos de 30 anos e grande parte deste jovem contingente atua na economia informal.
Mas não apenas as medidas econômicas recentes têm feito vicejar o boom paraguaio. Um dos mais eficazes instrumentos de atração de investimentos externos é a chamada Lei de Maquila, de 1997. A lei isenta do pagamento de imposto sobre remessas ao exterior todas as empresas estrangeiras que transferirem para o Paraguai as suas linhas de produção, exportando 100% dos bens produzidos no país. Estas empresas ficam obrigadas a recolher apenas 1% de imposto sobre o valor agregado (IVA). Os investidores contam ainda com a isenção do imposto sobre importação de bens de produção, o que permite a transferência de um parque industrial inteiro para o Paraguai sem a necessidade de reinvestimento em maquinário.
Além deste atrativo tributário, as empresas interessadas em investir no país são estimuladas pelos baixos custos de mão de obra e de energia elétrica. Sócio do Brasil na Usina de Itaipu, o país produz mais energia do que sua demanda interna, o que explica o baixo custo do insumo para as empresas.
O ajuste da economia paraguaia não é fruto de nenhuma receita mirabolante. Como um irmão menor que é mais dedicado aos estudos e às tarefas de casa, o Paraguai deve servir de inspiração a seus vizinhos – principalmente Brasil e Argentina – por encampar uma resoluta observância aos fundamentos macroeconômicos e dar andamento a reformas estruturais, sobretudo trabalhista, previdenciária e tributária, de modo a atrair investimentos, gerar empregos, estimular a produção de bens de valor agregado e proteger sua economia das intempéries internacionais a que estão sujeitos os países marcados pela mera exportação de commodities.
Não é possível antever até quando a economia paraguaia se sustentará no atual estágio. Entretanto, mantida a política atual de respeito aos fundamentos macroeconômicos, a debacle, caso ocorra, terá sido por fatores externos.
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