Explicar resultados de eleição municipal a partir da opção simplesmente ideológica levando em consideração a nacionalização da disputa parece exagerado. Assume que o eleitor não sabe distinguir a função, finalidade e importância de cada nível de governo.
Neste prisma, o eleitor seria ignorante quanto às obrigações e deveres do prefeito. E que, de maneira muito pouco sofisticada, sacrifica os interesses da cidade simplesmente para demonstrar sua posição ideológica nacionalmente. É hipótese difícil de aceitar, convenhamos.
O eleitor mora nas cidades. Sabe perfeitamente que o prefeito tem influencia decisiva no cotidiano dos habitantes do município. Que um bom governante municipal pode significar uma cidade melhor, mais humana. Vida melhor, em resumo.
Talvez se esteja prestando demasiada atenção ao partido ou orientação ideológica do candidato a prefeito. É possível que o eleitor tenha se concentrado nas propostas e ideias e selecionado aquelas que, em sua opinião, possam resultar em melhorias no seu dia a dia.
Neste cenário, o eleitor não seria cidadão preocupado simplesmente em projetar nacionalmente suas preferencias. Seria, isto sim, atento ouvinte de propostas e juiz (rigoroso ou não) de seus méritos.
Muito se diz que o eleitor foi para a direita. Mas talvez, o que tenha acontecido é a percepção de que as agendas dos candidatos de direita sejam respostas mais adequadas (entre as agendas disponíveis, claro) a solução dos problemas encontrados nos municípios.
É visão mais otimista. Possivelmente, o eleitor não tenha escolhido entre esquerda ou direita. Pouco importava. O resultado das eleições mostra a face de um eleitor menos cínico e mais interessado. Desapontado, sim. Mas ao mesmo tempo, sem medo de tentar soluções diferentes.
Diante da inegável e comprovada falência de um conjunto de ideias e pessoas, o eleitor resolveu mudar. Rejeitou a incompetência e os resultados ruins. Não foi nem para a direita nem para a esquerda. Permaneceu onde sempre esteve. Pagou para ver. E preferiu andar para a frente.
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