segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Bom momento de escolher bem

Não há dia que a imprensa não traga uma notícia de desvio ou mau uso dos recursos públicos no Brasil. Abstraindo-nos da operação Lava Jato, já por demais conhecida, e dos mensalões, o nacional e o regional, – esse último andando a passos de tartaruga no Judiciário mineiro –, a cada dia pode-se tomar conhecimento de superfaturamentos, de compras por meio de fornecedores fantasmas, da imoral contratação de assessores parentes de deputados e vereadores, do pagamento de diárias milionárias a quem não viaja ou viaja sem necessidade, enfim, o que há de pior de práticas sustentadas pelo Orçamento público. Isso num momento em que se alega absoluta falta de receitas para a manutenção do mínimo, especialmente pelas prefeituras, para assim fecharem escolas, postos de saúde, hospitais, creches, parcelarem folhas de vencimentos de servidores ou até mesmo não lhes pagar salários devidos.

Eleições - Antes e Depois:
Uma triste realidade porque, muitas vezes, essa situação decorre da incapacidade dos gestores públicos, eleitos por um povo malformado e, por consequência, desinformado. Noutras circunstâncias, tal quadro associa a incapacidade de gerir e administrar a posturas gritantes de desonestidade e improbidade. Chovem denúncias que movimentam timidamente as Câmaras Municipais, o Ministério Público, os tribunais de contas, as delegacias de polícia, e quase sempre resultam em nada, especialmente porque os prazos de prescrição e preclusão dos atos processuais cerceiam o Judiciário no julgamento e consequente aplicação de penas. Exemplos são prefeituras mais distantes da capital, invariavelmente de cidades que vivem um quadro de miséria, como por exemplo Montalvânia, no nosso extremo norte, onde o prefeito responde por haver pagado a maior pela contratação da banda Chicletes com Banana, que lá se apresentou num dos cinco dias de festejos do aniversário da cidade. Não se sabe o que é pior: se é o denunciado superfaturamento do valor pago ou se é contratar uma banda de música baiana para tocar numa cidade onde se nota um forte quadro de carências e de miséria.

Isso é revoltante. É fazer o povo de idiota, tripudiar sobre o sofrimento de uma população que não tem a quem recorrer ou em quem pedir socorro. Bom momento este em que se avizinham eleições nas quais são candidatos novos ou, muitos, prefeitos em reeleição; vereadores, muitos ineficientes ou acumpliciados com esse quadro de indigência moral. É hora de renovar, de escolher bem, de não permitir que se elejam aqueles que sabemos apenas desejarem pôr nos bolsos o que certamente faltará para o custeio das obrigações genuínas do poder público. A contratação de conjuntos musicais não integra esse rol. É um desrespeito de quem o faz. Superfaturando seu custo, ainda muito pior. Não desperdicemos esse momento que nos permite escolher melhor quem pode, com seu trabalho e honestidade, fazer diferença à vida das nossas cidades, das nossas famílias e à nossa também. Chega de descaso.

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