Só os trouxas acreditaram que a reforma ministerial desta semana serviria para aprimorar e enxugar a administração federal, adaptando-a às necessidades do combate à crise econômica. Com a operação de compra, venda e troca de ministérios por votos no Congresso, a presidente Dilma deixa claro que nada mudou. Seu governo continua rezando a Oração de São Francisco e praticando a lambança de aceitar a indicação de ministros sem qualquer relação com as pastas que vão ocupar. Só que a relação dos prováveis escolhidos consegue ficar pior do que a equipe atual, já por si lamentável quando da reforma anterior. Com todo o respeito, diminui o número de ministérios, aumenta o número de incapazes.
Vale evitar o constrangimento de referências nominais, mas importa acentuar a total dissonância entre os novos ministros e as funções para as quais estão sendo nomeados. O grave, nessa histriônica operação, é registrar que Madame não dá a mínima para o critério eficiência. Influenciada pelo Lula, acomodou-se à importância de garantir os votos do PMDB no Congresso para evitar a surpresa do impeachment e garantir a aprovação do pacote de maldades há pouco divulgadas, com a volta da CPMF à frente.
Foi-se a derradeira oportunidade da escolha dos melhores de cada setor, com o ingresso das mesmas nulidades pinçadas num Congresso ávido de indicar ministros comprometidos com interesses partidários. Na sombra, continua dando as cartas o triunvirato composto por Michel Temer, Renan Calheiros e Eduardo Cunha.
Indaga-se o preço da ascensão do PMDB a mais um patamar de poder. Não será, com certeza, elaborar a tal agenda positiva de que tanto se fala. Muito menos assumir parcelas de responsabilidade na queda da performance do governo. As amargas permanecerão debitadas a Dilma. Também, nada mais justo, dadas as trapalhadas que continua produzindo em série.
Inexistem sinais de estar o governo elaborando qualquer programa de combate ao desemprego, que avança em massa. Os arrastões hoje assolando o Rio exprimem apenas uma das muitas faces do mal que assola as camadas menos favorecidas e começa a atingir a classe média. O problema é que as Olimpíadas estão chegando, calculando-se a presença na antiga capital federal de centenas de milhares de turistas. Eles serão presa fácil para as levas de meliantes dispostos a agir nas praias e bairros mais procurados.
Carlos Chagas
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