0 ex-ministro da Fazenda dos governos Lula e Dilma, depois de longo silêncio, decorrente de uma demissão absolutamente desusada e deseducada, apareceu no último domingo com um artigo na página nobre “Tendências/Debate” da “Folha de S.Paulo”, um veículo sério e respeitado. Em vez de falar a respeito da sua inusitada despedida das funções ministeriais, após nove anos de titularidade, deve ter desejado dar alguma satisfação do seu constrangedor fracasso, uma mistura confusa de lições de democracia, que demonstra não ter sido capaz de compreender. Condena o autoritarismo, apesar de petista, e a intolerância característica do lulopetismo; assusta-se com “algo no ar” que ameaça a “pluralidade democrática”, conquanto, acacianamente, “esteja essa consolidada”; e copia a expressão de Octávio Mangabeira, sem usar aspas, que, com a queda do Estado Novo, transformou a liberdade democrática no Brasil em “planta frágil”, que carece ser regada diariamente.
Enfim, deixa no ar essa bobagem, segundo a qual “a intolerância tem provocado atitudes antidemocráticas praticadas por cidadãos que se acham acima do bem e do mal”, comportamento privativo do PT, dando o exemplo de si mesmo, nos seguintes termos: “Eu mesmo, em episódios que nem de longe têm a mesma gravidade, tenho sido alvo de uma intolerância que extrapola o limite da convivência e o meu direito à liberdade”. (É intolerância exercer o direito de crítica? Francamente, nem o famoso “Samba do Crioulo Doido” foi capaz de misturar tanta tolice).
Indiferentemente, mantém o tom, que não posso continuar, seja por falta de espaço, seja por acatamento ao leitor de O TEMPO. Contudo, vamos a alguns envergonhados comentários, ou observações despretensiosas só para marcar a fortaleza das instituições, que têm aguentado o festival sinistro do PT.
O sr. Mantega é apenas medíocre exemplo da qualidade da atual administração superior do país. Em outros tempos, já teria ido pelos ares. Formada com uma ou outra magra exceção, compondo ministérios imprestáveis e ministros “à la diable”, em vez de recrutar homens públicos de escol habilitados a prestar serviços que a nação espera, pai e filha acabaram dando no que deu: o governo perdeu o fio da meada.
O resultado, infelizmente, não se fez esperar: o Brasil nunca foi abandonado com tanta desatenção às traças. Quanto mais não fossem as recentes pesquisas de opinião, a revolta da sociedade está à vista de quem tiver espírito para exigir dos governantes o cumprimento dos seus deveres.
Seu lugar está assegurado na história como o mais incompetente ministro da Fazenda do Brasil. Não há do que se queixar. Se foi alvo de uma demissão desonrosa, a mereceu. Só uma palavra, autorizada pelo vigor da justiça que se lhe fez, explica e justifica a tragédia da sua gestão. O difícil não foi evitá-la; árduo mesmo foi o trabalho de levá-la a cabo, sucedendo à administração inspirada de Pedro Malan. O ex-ministro elogia a nossa “democracia consolidada”. Se fosse mesmo consolidada, os estabelecimentos penais que teriam de ser construídos levariam dezenas de anos.
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