sexta-feira, 10 de julho de 2015

Ministro da educação de Dilma entrega o que sabe


Último livro escrito por Sagan, e publicado postumamente por Ann Druyan, sua mulher e colaboradora, “Bilhões e bilhões” traz dezenove artigos. É obra de gênio.

Lançado em 1997, o livro começa com uma auto-tiração de sarro de Sagan –de resto, famoso ao populacho por ser o homem de “bilhões e bilhões”.

Sagan se auto-ironiza assim:

Bem, disse que há talvez 100 bilhões de galáxias e 10 bilhões de trilhões de estrelas. É difícil falar sobre o cosmos sem usar números grandes. Falei “bilhões” muitas vezes na série de televisão Cosmos, que foi vista por muitas pessoas. Mas nunca disse “bilhões e bilhões”. Para começo de conversa, é muito impreciso. Quantos bilhões são “bilhões e bilhões”? Alguns bilhões? Vinte bilhões? Cem bilhões? “Bilhões e bilhões” é bastante vago. Quando reconfiguramos e atualizamos a série, verifiquei que, sem dúvida nenhuma nunca disse tal coisa. Mas Jhonny Carson - em cujo Tonight show apareci quase trinta vezes ao longo dos anos - disse. Ele colocava um casaco de veludo cotelê, um suéter de gola rulê e uma espécie de grenha como peruca. Tinha criado uma imitação tosca de mim. uma espécie de Doppelgãnger, que andava pela televisão tarde da noite dizendo “bilhões e bilhões”. Costumava me incomodar um pouco ter um simulado da minha persona andando por aí por conta própria dizendo coisas que os amigos e colegas me relatavam na manhã seguinte. (Apesar do disfarce. Carson - um astrônomo amador sério freqüentemente fazia a minha imitação falar sobre ciência real.)

Espantosamente, “bilhões e bilhões” pegou. As pessoas gostaram do som da expressão”.

O Brasil não tem nem terá (tão logo) um Sagan: mas já temos o nosso homem dos bilhões.

Renato Janine Ribeiro (ministro da Educação) é mesmo um típico filósofo da USP…

Ele investiu contra uma proposta do José Serra de retirar a obrigatoriedade de a Petrobras participar da exploração do petróleo do pré-sal. A horas tantas, diz o ministro: “É muito importante que um combustível fóssil de bilhões e bilhões de anos, que é extremamente precioso, não seja queimado à toa, que gere realizações permanentes. Aquilo que demorou bilhões de anos para ser feito pela natureza deve construir estruturas duradouras”.

Não sabemos se a ideia do Serra é boa ou ruim
.

Sei que os “bilhões e bilhões de anos” do ministro são nonsense. A Terra tem 4,5 bilhões de anos de idade, mais ou menos. O petróleo, por seu lado, foi formado pela decomposição de matéria orgânica nos mares, principalmente. Isso necessitou a existência de… seres orgânicos, ora bolas – o que começou a acontecer aí por 200 ou 300 milhões de anos atrás.

Ou seja: nosso filósofo mais graduado (politicamente) ou foi reprovado em geologia, ou em biologia: ou em tudo, não?

Eis a Pátria Educadora em sua essência. 

Claudio Tognolli

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