sábado, 6 de junho de 2015

Acima de 10 cm é crime

Qualquer indivíduo é mais importante do que a Via Láctea.
Nelson Rodrigues
Os políticos e governantes continuam a brincar com a dor alheia. Alguns mesmo a bancar os engraçadinhos como Dilma, pedalando toda serelepe para exibir modelito enxuto e segurança máxima às custas do Erário. Vale tudo para marcar pontos no ibope e manter "agenda positiva". Ainda mais que quem paga é o contribuinte.

Não falta novidade no arsenal da cafajestada política. A nova, surgida nos bastidores da Câmara fluminense, é uma lei contra o uso de armas brancas com lâmina acima de 10 cm. Outra vez fazem tudo para "satisfazer" a opinião pública, o que não impede novos roubos com esfaqueamento, um latrocínio branco.
A política brasileira se converteu, por vício, em legislações que não levam a lugar algum. O tamanho da lâmina como o calibre da bala – mesmo que seja tesoura, martelo, canivete, punhal - não reduzem a calamidade de um país criminoso com mais de 50 mil assassinatos por ano, terceiro maior produtor de armas leves do mundo e uma estatística de roubos recordista, porque a polícia faz tudo para merecer bônus e não se esforça para o cidadão fazer o registro.

Deve-se conter a criminalidade, não a arma usada. Definir crime por medida de lâmina é esculachar com a dor alheia.

Conter a criminalidade apenas com leis também é o mesmo que colocar o dedo no buraco de uma represa para impedir seu rompimento. O Estado brasileiro, nunca deu grande bola para a segurança pública. Nos últimos tempos passou a apelar apenas para ações higiênicas de efeito redutório da sensação de insegurança pública. Mais um crime governamental num Estado bandido.

Nem o Planalto, a quem a segurança dos brasileiros deveria ser de máxima importância, nos tempos petistas, ligou para o problema. Só se mexeu quando precisou mostrar ao mundo que fazer uma Copa no país era seguro.

A insegurança continua à solta há muito tempo. O país não tem plano de segurança nacional, a vigilância de fronteiras é praticamente nula, as polícias mal equipadas e despreparadas para conter o crime, as leis furadas constantemente, a impunidade correndo à vontade como moeda de grande valor. Ah, e a marginalidade nem está aí para autoridade, se é que essa existe.


O Estado brasileiro ainda se dedica mais a ter uma polícia repressiva, bem a gosto das ditaduras de republiquetas. Tem-se todo o aparato de primeiro mundo para conter protestos, sentar paulada e cachorro em cima de professor, liquidar revolta de trabalhador, entrar em guerra contra marginais.

A segurança pública e a Justiça equalitária não merece mais do que discurso, discurso e marketing de presidente pedalando sob proteção num país assaltado pela criminalidade. Se não é republiqueta, leva todo jeito. Os ditadores também adoram parecer bem saúde, fazendo esporte, se cuidando, enquanto a população fica entregue ao Deus dará ou às facadas com lâmina acima de 10 cm.

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