Tamanha falta de discernimento e compreensão da realidade brasileira me deixou chocada. Como pode um universitário "bem-nascido, bem-criado, de boa família" e que vive na maior cidade de um dos países mais desiguais do mundo nunca ter visto um pobre?
Não pode. Afinal, a miséria é explícita no Brasil. E, francamente, não deveria empolgar ninguém, mas causar constrangimento e desconforto generalizado (no mínimo). Em Sampa, para "ver um pobre" basta dar uma volta em qualquer quarteirão da avenida Paulista, cartão postal da cidade.
Nem a vida confortável e luxuosa numa mansão (nos Jardins, no Morumbi, na Vila Olímpia ou em qualquer outro bairro nobre) é capaz de "blindar" a elite do contato com a pobreza. Não dá para ignorar que são os pobres que trabalham como babás, empregadas domésticas, cozinheiras, motoristas, jardineiros, porteiros e toda sorte de "eiros" a serviço de quem tem dinheiro de sobra. Pobres e predominantemente negros —é bom que se diga.
Pelas ruas deste país, é impossível deixar de avistar um pobre miserável perambulando, dormindo ao relento, jogado no chão, pedindo esmola ou comida, vendendo alguma quinquilharia ou ‘chapado’ para tolerar a rudeza de um cotidiano privado de esperança.
É desalentador e vergonhoso constatar que a sociedade brasileira continua a formar futuros "líderes" incapazes de sequer enxergar a realidade nacional —que dirá promover a transformação social necessária para fazer deste um país mais justo e menos desigual.
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