terça-feira, 31 de dezembro de 2024
Deus é um refugiado de Gaza
Não, nós não adoramos o mesmo Deus,
Pois o meu anda descalço pelas ruas de Jabaliya,
Suas feridas não cicatrizadas, sangrando na terra—
Manchando sua pele oliva, marcando-o para sempre.
Meu Deus é o lamento das mães,
Enlutadas em al-Mawasi,
Ainda rezando pela salvação,
Beijando os rostos cinzentos de seus filhos mortos.
Meu Deus são duas crianças,
Transportando os restos mortais de seus pais em uma carroça puxada por burros,
Procurando freneticamente por terra vazia,
Para enterrar seus amados antes que os soldados retornem.
Meu Deus é coragem, paciência, justiça —
A força de um povo
Cujo espírito não pode ser confinado
A uma manchete ou à teoria de um acadêmico.
Meu Deus é a teimosa garota refugiada,
Que se recusa a abandonar sua busca por um lar,
Inflexível, apesar da tempestade,
Seu coração ainda anseia pelo lugar que ela chama de seu.
E acima de tudo,
Meu Deus é liberdade —
Um fogo que nenhum poder pode apagar,
Uma chama que corta a opressão,
Uma luz que guia o caminho.
Meu Deus é um refugiado de Gaza,
Lutando para nos libertar
de todos os falsos ídolos
Que nos mantêm acorrentados em um silêncio ensurdecedor.
Ramzy Baroud
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