terça-feira, 19 de dezembro de 2023

A morte do jornalismo só interessa aos que não prezam a liberdade

Jornalismo não é só publicar o que se diz e o que se fez. É verificar se o que se diz é verdade ou mentira, e explicar o porquê do que foi feito. Se não for assim, pode ser chamado de jornalismo só porque se diz.


Jornalismo, hoje, está mais próximo de entretenimento do que jamais esteve porque não soube se reinventar como negócio desde que surgiu a internet. Vive uma crise de identidade mal resolvida.

Imaginou-se que a internet, dando voz a todos, tornaria a comunicação mais democrática. Essa pode ter sido a intenção inicial dos seus criadores, mas não foi o que aconteceu, infelizmente.

São as bolhas que mandam no espaço digital, e o jornalismo curvou-se aos seus ditames. Acabar com o monopólio da informação não seria tão mal se o jornalismo, tal como o conhecíamos, perdurasse.

Era notícia antigamente só aquilo que os jornalistas achavam que era, sem levar necessariamente em conta a opinião dos leitores. Hoje, o interesse do público suplanta de longe o interesse público.

Uma coisa é diferente da outra. Interesse público é tudo aquilo que deva interessar ao público mesmo que ele não saiba. Interesse do público, só aquilo que ele sabe que lhe interessa.

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, do contrário o jornalismo se descaracteriza, abrindo mão de valores fundamentais, tais como a busca da verdade, a veracidade e a precisão das informações.

Que sociedade poderá evoluir sem quem lhe reporte os fatos e o que eles significam ou escondem? Opinião só não basta. E em um mundo cada vez mais polarizado, cada um tem a sua e não escuta outras.

Como tomar decisões acertadas com base apenas em opiniões que se quer ouvir? Dessa forma, como a democracia, o menos imperfeito dos regimes políticos já inventados, será capaz de prevalecer?

A morte do jornalismo só interessa aos que não prezam a liberdade.

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