quarta-feira, 6 de setembro de 2023

O cinismo de um golpista

Sim, temos que falar – sem parar – sobre Bolsonaro e cia, falcatruas e roubalheiras, e, principalmente, claras tentativas de golpe contra a democracia. Até que numa manhã próxima sejamos acordados com a noticia de sua prisão. Será um grande dia.

Bolsonaro é o pior de todos. De fato. Não dá, entretanto, para ignorar a imoralidade de quem assaltou, antes dele, a Presidência da República, e foi responsável pela sua eleição, em 2018. Com sua fome de poder, Temer abriu caminho para o Capitão. Pagamos caro por isso.


Semana passada, a “grande imprensa” deu novamente espaço a Temer para manchar ainda mais seu currículo. Foi perguntado sobre a iniciativa de Lula de sugerir o resgate a história de Dilma Rousseff, diante da decisão do TRF-1 de arquivar o caso das “pelaladas fiscais”. Lula quer anular o processo de impeachment.

Temer respondeu com sarcasmo. “Se foi golpe, só pode ter sido golpe de sorte”. Deu vontade de fazer malcriação. Fala rasteira de quem se aliou aos mequetrefes do Congresso Nacional para trampolinar Dilma Rousseff. Temer veio das cafuas políticas, nunca foi homem de confiança do PT, foi escolhido por Lula para vice de Dilma (sabe-se lá porque), e os traiu descaradamente.

Nos palácios, Temer andou pelas sombras, e retribuiu os serviços de quem proporcionou a ele a cadeira de Presidente. Numa noite de março de 2017, recebeu Joesley Batista, para tratar de “tranquilizar” Eduardo Cunha, mentor do impeachment, que já estava preso. Num áudio gravado por Joesley, Temer entrega sua subserviência a Cunha.

Já tinha andado na penumbra da política. Chegou a ser preso, em São Paulo, numa cena de filme – seu carro foi interceptado no meio da rua por policiais federais. Na investigação que resultou em cadeia, estão obras da usina nuclear de Angra 3. O MP acusou o grupo de Temer de ter recebido propina de R$ 1 milhão.

Na Presidência, Dilma não andou na linha do “grupo” de Temer. Não fez concessões. Por isso, e só por isso, sofreu um golpe politico. Machista. Misógino. Passou da hora de reconhecer sua inocência, sua historia. Temer, se teve historia, enterrou-a em 2016.

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