domingo, 6 de fevereiro de 2022

Programa de Bolsonaro para um segundo governo é pura fraude

Bolsonaro se elegeu presidente em 2018 sem dispor de um programa de governo, governou erraticamente desde então sem dispor de um, e agora, a oito meses das próximas eleições, providencia um programa de governo para chamar de seu.

É fraude para enganar os que ainda creem nele, ou para atrair de volta os que deixaram de crer e migraram para outros candidatos. O mais interessante é que o esboço do programa de governo que ele jamais teve está na contramão do que ele fez até aqui.

Chamar um documento de programa de governo virou coisa antiga. Esse que os técnicos começaram a esboçar está sendo modernamente chamado de “agenda estratégica”. Ela terá a função de orientar a administração pública direta.


Como o papel aceita tudo e o governante não é obrigado a fazer o que prometeu, entre as diretrizes para a área econômica de um segundo mandato de Bolsonaro está a de “promover uma reforma tributária que favoreça o desenvolvimento econômico”.

Inspirado por Paulo Guedes, ministro da Economia, Bolsonaro, que não entende disso, havia se comprometido em promover uma reforma tributária. Não fez nada parecido. Jogará a culpa na pandemia da Covid-19 e no Congresso. Fácil assim.


Consta da tal “agenda estratégica”limitar a interferência do Estado nas relações privadas, e incentivar os investidores”. Foi com frases feitas de tal natureza que Bolsonaro ganhou o voto do chamado mercado, que mais tarde se decepcionaria com ele.

O presidente que assumiu o cargo garantindo por meio de Guedes que reduziria o endividamento público e que mandou às favas a Lei de Responsabilidade Fiscal, jura que caso vença reduzirá o endividamento público. Como? Por que acreditar que o fará?

Há dias, Bolsonaro autorizou seus aliados no Congresso a apresentarem uma Proposta de Emenda à Constituição para abrir mão de impostos sobre o preço dos combustíveis sem compensação orçamentária, o que pode custar 54 bilhões de reais.

O capítulo mais bizarro da “agenda estratégica” é, de longe, o relativo ao meio ambiente. O desmatamento da Amazônia cresceu 56% em 3 anos se comparado com o período de 2016 a 2018. Bolsonaro assegura que se ficar mais 4 anos fará o inverso.

Em seu discurso de posse, Bolsonaro afirmou que governaria para todos os brasileiros, mas preferencialmente governou para os brasileiros que se identificam com ele. De cada 10 que lhe deram o voto, 4 já desertaram, segundo pesquisa Datafolha.

Mais de 60% dos brasileiros dizem que não confiam na palavra do presidente. É por essas e outras que Bolsonaro é o candidato favorito para ser derrotado.

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