quinta-feira, 2 de maio de 2019

A mulher que repassa 2 mil dólares a cada habitante do Alasca todos os anos

Ela gerencia mais dinheiro do que bilionários como Carlos Slim, Mark Zuckerberg ou Françoise Bettencourt (a mulher mais rica do mundo).

Mas, é bom deixar claro, não se trata de sua fortuna pessoal.

Angela Rodell tem nas mãos a responsabilidade de administrar os US$ 65 bilhões (R$ 254,8 bilhões) do Fundo Permanente do Alasca.

Todos os habitantes do Alasca recebem dividendos
 dos lucros do fundo soberano de petróleo

Financiado com receitas do petróleo, esse fundo estatal - o maior dos Estados Unidos - foi criado há mais de quatro décadas para beneficiar os habitantes do Alasca.

Como isso os beneficia? Financiando serviços essenciais (água, estradas, segurança, educação) e entregando um cheque anual a cada morador com um valor próximo a US$ 2.000 (de acordo com os dividendos gerados pelo fundo). O valor é equivalente a R$ 7,8 mil.

Desde que Rodell chegou ao cargo de diretora executiva do fundo em 2015, ele cresceu 23%, graças a uma carteira de investimentos com um desempenho muito bom.

E sua missão era precisamente esta: criar dinheiro.

"É uma grande responsabilidade, mas consegui formar uma equipe de primeiro nível em que posso confiar", diz Rodell em entrevista a BBC News Mundo, o serviço da BBC em espanhol.

Rodell se deu conta de que queria trabalhar no mundo das finanças quando estava cursando mestrado em administração pública.

Foi aí que ela se interessou por mercados de ações e por como os lucros gerados na bolsa poderiam ser úteis para investimentos públicos.

"Eu quis fazer uma ponte entre esses dois mundos", diz.

"Na verdade, não fui boa em fazer fortuna pessoal, mas tenho um grande interesse em criar riqueza para o fundo."

Rodell fez parte de diversos diretórios no Alasca, dedicados a administrar fundos de pensão, habitação, títulos, desenvolvimento industrial e exportações.

Antes de chegar a sua posição atual, ela estava no comando do Departamento de Impostos do Alasca.

Rodell não é uma defensora máxima do pagamento anual a todos os habitantes do Estado e é cautelosa ao dar opiniões de cunho político.

"Nosso trabalho é criar dinheiro e não a questão de como esses recursos são gastos."

No entanto, ela explica que existem dois lados da moeda na entrega de um dividendo anual para cada habitante.

"É uma oportunidade para as pessoas, já que as famílias podem escolher o que fazer com esses recursos."

E aí está justamente a questão-chave: o que eles fazem com o cheque?

Alguns usam o dinheiro para sair de férias, para a educação dos filhos ou para lidar com imprevistos.

"Mas também há efeitos negativos, como incidentes relacionados a álcool, drogas e violência."

Nesse sentido, ela observa que a entrega anual de dinheiro aos moradores tem "custos sociais" com os quais tem de lidar.

"É difícil para mim dizer se (o dinheiro) reduziu ou não a desigualdade", diz Rodell, e esclarece que há 40 anos, quando o fundo foi criado, a ideia era que as companhias de petróleo explorassem esse recurso e aportassem dinheiro para o futuro de todos os habitantes do Alasca.

Neste contexto e sob o conceito de que "o petróleo é de todos", foi decidido que os dividendos devem ser repartidos igualmente.

Isso explica por que não se entrega mais dinheiro aos pobres do que aos mais ricos.

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