Mas deixemos o Rio de Janeiro, rumo ao Espírito Santo. Será quando nos depararemos com o Convento da Penha, a compor um cenário de beleza sublime desde o século XVI. Constatei que visitam esta obra única nada menos que três milhões de pessoas a cada ano - movimentando nossa economia e gerando empregos.
Mais ao norte, em Salvador, encontraremos outra obra secular - o Elevador Lacerda. Eis aí mais um símbolo do Brasil, projetado internacionalmente. Por suas cabines passam, diariamente, cerca de 28 mil pessoas. Tente calcular, por um instante que seja, o quanto esta realização já rendeu para a economia da Bahia e do Brasil.
Relacionei, acima, algumas das mais belas obras do mundo, cada uma delas orgulho do povo brasileiro. É com o peito inflado de amor por este país que contemplamos o olhar extasiado dos milhões de estrangeiros que aqui vem visitá-las. É com otimismo e alegria que saudamos a pujança da indústria do turismo, que tanto contribui para nossa economia.
Pois é. Agora medite sobre o seguinte: hoje, nenhuma destas obras - absolutamente nenhuma delas - seria possível. Não por falta de recursos, pois não falamos de nada demasiadamente custoso, mas em função das amarras da burocracia que criamos ao longo do último século.
Imagine o que aconteceria ao administrador moderno que se dispusesse a tal empreitada - ou seu mandato se esgotaria antes mesmo do início das obras ou acabaria até preso. Ficam, assim, um século depois de inauguradas estas maravilhas, e à vista de um país parado, algumas questões: o que aconteceu? Como chegamos a tal imobilismo? E qual o nosso futuro?
Pedro Valls Feu Rosa
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