quinta-feira, 23 de abril de 2015

Tempos de murici-cascudo

Murici é uma árvore do serrado imune às intempéries. A do tipo cascudo, que serve para nome de jumento, tem as folhas grandes e peludas, resistente como a peste. E o que tem a ver uma coisa com a outra? Bem, a outra é a situação nacional, cascuda e peluda como o nosso murici...

Penso que a oposição e a Polícia Federal começam a perder a tramontana. Eu, que não estou me rasgando para nada que não seja o Brasil como um todo, e isso é muito, estou ficando preocupado com a quantidade de frentes de trabalho que a Polícia Federal está abrindo sem fechar nenhuma delas.

Já passa do tempo de ter alguém julgado e preso pra valer, ou isso tudo vai ficar como os mensaleiros: famosos, livres e vagantes como folhas secas do cerrado no mês de agosto, mês de cachorro doido.

Parece que só existe Polícia Federal lá no Paraná e, sem querer, ou querendo, sinto cheiro de diversionismo. Com tantos inquéritos abertos e tanta gente depondo e com prisões temporárias, essa coisa pode melar como rapadura, principalmente porque, até agora, só pegaram inocentes.

A exceção dos delatores é incrível que nenhum “petrolão” abra o bico e assuma que é culpado. “Senvergonhamente”, todos se dizem inocentes, com as caras mais lambidas do mundo... Afinal, ninguém roubou nada, nem mesmo o Palocci. Quem sabe não foram ratos caianos viventes no cerrado do planalto central? Falo de ratos de duas pernas que são mais atrevidos, são pensantes.

Prestem atenção na minha preocupação: concomitantemente aos trabalhos da operação Lava Jato, tramita, também a jato, a tal lei da terceirização, que já, provavelmente hoje, será submetida à segunda votação. Gente, esse será o maior dos absurdos que esta e todas as demais legislaturas até o final do século votará. Vou dizer o que penso: isso é, sem dúvida, a maior sacanagem que esses come-dormes de Brasília fazem com todos – todos mesmo – os que trabalham e vivem neste país. A Câmara está imitando aquele piloto que, dizem, suicidou-se e levou todo mundo com ele. Depois de consumada a questão, restará o que a fazer?

Caramba! Antes que os mal informados comecem a achar alguma coisa, vou avisando que sou “visceralmente contra o impeachment” de Dona Dilma, que “toda vez que vê uma criança enxerga, ao lado dela, também um cachorro”. Pode parecer esquisito, mas foi ela quem disse isso, um tipo de visagem que só acontece com pessoas de QI elevadíssimo ou videntes, presumo. Aliás, a presidente é bem chegada a um devaneio e, às vezes, “se contende pelas protuberâncias conexas das excentricidades congêneres da apologética nos epítetos escalenos de filisteus e trogloditas”. E isso não é defeito. Na verdade, também não sei o que é. Sei mesmo é que nossos legisladores precisam se investir de responsabilidade e assumir sua missão com seriedade, deixando de lado interesses pessoais e rusgas políticas que não levam a nada, mas podem levar, como estão levando, o Brasil para o buraco. Pronto, falei...


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