A quase ausência de negros e mestiços nas arquibancadas dos estádios reproduz um fenômeno muito antigo: a invisibilidade dos pobres
A
imprensa internacional já se deu conta da discrepância entre a composição
racial brasileira e os rostos que vemos pela TV nas arquibancadas dos estádios,
durante os jogos da Copa. A julgar por essas imagens, os desavisados poderiam
até pensar que o Brasil é um país de brancos.
Na
verdade, a quase ausência de negros e mestiços nas arquibancadas dos estádios
reproduz um fenômeno muito antigo: a invisibilidade dos pobres na televisão
brasileira.
Até
a década de 1970, a TV se voltava a um público quase exclusivamente composto
pelas elites e classes médias altas. As tramas e ambientes da telenovela, por
exemplo, tinham uma clara função pedagógica: dizer como deviam se comportar e
consumir os membros daquelas classes, tanto os mais antigos quanto aqueles que
ascendiam socialmente aproveitando-se dos postos de trabalho e oportunidades de
negócio abertos pela intensa modernização capitalista do período.
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