Francisco Wanderley Luiz, o autor das explosões, foi chamado de “maluco” por Bolsonaro. Logo apareceu um deputado, Jorge Gootten (Republicanos-SC), conterrâneo de Francisco, que disse que ele aparentava “sérios problemas mentais”.
Desde quando? Segundo Gootten, desde que se separou da mulher, há dois ou três meses, e veio morar em Brasília. Não há relatos de que pirou a mais tempo. Há relatos abundantes, escritos por ele mesmo, sobre suas ações como um radical de direita.
Daí foi um salto para que Francisco nas redes sociais fosse apontado como o “Adélio Bispo da direita”. Adélio esfaqueou Bolsonaro em Juiz de Fora. Em dois ou três inquéritos, a Polícia Federal concluiu que Adélio era doente mental.
Até hoje, para Bolsonaro, Adélio era um militante de esquerda que o esfaqueou por encomenda e não sozinho. Francisco seguramente teria agido por conta própria, em decorrência da doença que sofria. É conveniente para a extrema-direita desvincular-se de Francisco.
De Roma, onde se encontra, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse que Francisco, “pelas informações da polícia, trata-se de um suicida”. A vice de Ibaneis, Celina Leão (PP), referiu-se a Francisco como “um lobo solitário”.
Àquela altura, o corpo de Francisco sequer fora removido do local onde ele morreu, em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal. Cuidadosa, a polícia confirmava que o carro repleto de explosivos era de Francisco, mas que o corpo poderia não ser. Era.
“Um homem morreu ao se explodir”, estampou um jornal de larga circulação com base no que declarou Ibaneis. Francisco pode não ter se suicidado, e sim ter morrido pela explosão de uma bomba que arremessou contra o prédio do Supremo.
Ou pode ter morrido por bala disparada por seguranças do prédio que ao avistarem correram na sua direção. Investigações em curso é que dirão de fato o que aconteceu. O certo é que no mínimo a anistia para os golpistas do 8 de janeiro ficou mais distante.
E isso é muito ruim para Bolsonaro que esperava beneficiar-se dela. O ministro Alexandre de Moraes, a quem caberá o comando das investigações sobre o 13 de novembro, a esta hora deve estar lambendo os beiços. Não só ele.
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