sexta-feira, 1 de maio de 2015

Renuncie, senhora presidente!

Senhora presidente, faça um gesto de grandeza que causará incomensurável bem a si mesma e a este país: renuncie!
Pense em sua filha, Paula. Em seu netinho, Gabriel. Neto é a melhor coisa que há no mundo (digo porque sei muito bem o que é isso, sinto isso to santo dia, a cada momento), e eles crescem muito, mas muito rapidamente. E, para as crianças, o que conta, o que importa, é a convivência, a presença. Avô distante não tem o mesmo afeto do neto que avô presente.
A senhora é uma mulher culta, gosta muito de ler, conhece bem diversos museus, conforme revelou há pouco Marta Suplicy, que era sua companheira e, como tantos companheiros, a atraiçoou, passou a falar mal – publicamente – da senhora, de seu governo e do partido que pelo qual optou após longa militância no PDT.
Pois então: pense em quantos livros a senhora poderá ler em paz, quantos museus poderá visitar.
Ah, pois é, o PDT, o partido de Leonel Brizola, no qual a senhora militou. Pois agora o presidente do PDT vem a público dizer que o seu partido, o PT, exagerou na roubalheira!
E a senhora – que sempre reage com grande indignação, até com fúria, a quem diz coisas que não gosta de ouvir – engoliu o sapo, e sequer demitiu o ministro do Trabalho, que é exatamente do PDT cujo presidente acusa seu partido de ter exagerado no roubo!
A senhora acaba de renunciar à tradição de, no 1º de Maio, ler em cadeia de rádio e TV um daqueles discursos que descrevem o país como um reino encantado de conto de fadas.
A senhora já renunciou a qualquer tentativa de fazer política, de cuidar de arranjos políticos, terceirizando essa tarefa para o vice.
Mais ainda: a senhora já renunciou à condução da política econômica! Justamente a política econômica, a senhora, que se julga a economista mais preparada de todo o universo, de todos os tempos!
A senhora renunciou à condução da política econômica e a terceirizou exatamente para um legítimo representante de tudo o que a senhora condena, acha absurdo, acha errado: toda essa coisa de evitar déficits, de ser transparente nas contas, de cortar despesas, de avançar sobre os direitos dos trabalhadores!
Agora até adquirir a casa própria ficou muito mais difícil, porque a Caixa Econômica resolveu aumentar os juros e a ampliar tremendamente a exigência de entrada.
A senhora já renunciou na prática.
Apesar disso, a senhora continua a ser alvo de críticas ferrenhas. Não há dia algum em que um grande jornal ou revista não traga editorial ou artigo chamando a senhora de incompetente.
Deve ser muito duro. É preciso uma dose imensa de estoicismo.
A vida é curta, senhora presidente.
Então faça o gesto de grandeza, de heroísmo: renuncie de uma vez!
Fará a imensa alegria de milhões, milhões, milhões de brasileiros.
E, se isso parecer pouco, fará a imensa alegria de seu netinho Gabriel.
Obrigado pela atenção.
Assinado, Sérgio, avô de Marina.

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