“— Amanhã, luto. Na terça, luta”
Hermes Leão, presidente do sindicato dos professores públicos no Paraná
Um 1º de Maio muito triste, este de hoje. Estranho, logo num país governado pelo Partido dos Trabalhadores, a data máxima dedicada ao trabalho estar envolta em dor, medo e desesperança.
Indignada com a violência em Curitiba, com a cena do cachorro mordendo com fúria um cinegrafista da Band que estava ali a trabalho, fiquei mais horrorizada ainda com a postura de dona Dilma ontem, no encontro que teve com centrais sindicais no Planalto. Ela se limitou a reprovar a violência durante os protestos contra trabalhadores. Pouco, muito pouco, diante do horror que se passou em Curitiba.
Do Ministro do Trabalho não ouvimos nem um pio. Já o Ministro dos Direitos Humanos, Pepe Vargas, deu a seguinte resposta a respeito da violência da polícia e dos cães pitbull a serviço da PM: "Na minha opinião, não é aceitável".
Aceitável... Bem, não era o que eu esperava ouvir, mas pelo menos ele deu sua opinião.
O medo dos trabalhadores com o futuro imediato, com seu dia a dia, com os compromissos que assumiram estimulados pelos governos Lula/Dilma e que já agora sabem que dificilmente poderão honrar, não é exatamente um bom terreno para se comemorar o Dia do Trabalho.
Escrevo este artigo nos primeiros minutos do dia 1º de maio. Não sei como será a festa dos trabalhadores. Sei que dona Dilma não vai falar em rede nacional. Agradeço. Menos um aborrecimento no dia de hoje.
Bastam outras coisas que nos levam a temer por nosso futuro: os bilhões surrupiados do nosso Tesouro, o enfraquecimento dos fundos de pensão, a tentativa de desabonar a Justiça do Paraná, uma decisão infeliz do STF, a farra do Fundo Partidário, as pedaladas fiscais, as gráficas a serviço da lavagem de dinheiro, as picuinhas entre Cunha e Renan, Deus, a lista pode ser longa!
Na minha idade, aquela idade feliz dos que tiveram a sorte de ser longevos, o que mais pesa, além da imensa preocupação com o futuro de filhos e netos, são os planos de saúde e o aumento exorbitante dos preços dos remédios.
Dona Dilma ontem defendeu, na tal reunião com as centrais sindicais, a preservação dos direitos trabalhistas e se disse “contra generalizar o trabalho terceirizado no País” (Blog do Planalto). Renan Calheiros e Lula, o ex-presidente em exercício, têm opiniões semelhantes a esse respeito.
Renan disse que a terceirização seria um retrocesso e o País não "pode pagar esse preço". Lula diz que é “um retrocesso pré-Getúlio que a companheira Dilma tranquilamente vai rejeitar”.
Já o Ministro da Fazenda diz que o governo corta na própria carne, que não somos só nós, sociedade, que vamos sofrer. Algo como “Plante que o Governo garante”, lembram? Foi slogan do governo João Figueiredo (1979/1985).
Garantiu? Pois é...
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