Nossa maior estatal vive em meio a enorme crise e com uma alavancagem para lá de preocupante, deve cinco vezes mais do que a geração de sua caixa operacional. A petroleira não tem hoje condições sequer de cumprir seu plano de investimento, US$ 220 bilhões até 2018, que dirá avançar na exploração de novos campos em águas profundas.
Assim pensam governadores dos Estados onde se situam as reservas do pré-sal, parlamentares das mais variadas colorações partidárias e até mesmo diretores da Estatal, da Agência Nacional do Petróleo e, possivelmente, o próprio ministro das Minas e Energia. Esses não ousam mais se pronunciar publicamente, porque foram enquadrados pela presidente Dilma Rousseff.
Por ranço ideológico, ignorância, talvez má-fé, ou por um mix disso tudo, o governo Dilma e petistas abriram suas baterias contra o projeto do tucano, utilizando-se de um discurso nacionalista rastaquera; e falseando a verdade ao alardear que a proposta retira dinheiro da educação.
Até certo ponto, entende-se a resistência da presidente em aceitar a mudança. Afinal, ela foi mãe desse modelo e já se desdisse tanto da eleição para os dias de hoje, que fica difícil fazer mais um meia-volta volver. No meio de tantas crises, Dilma precisa, desesperadamente, de uma bandeira para chamar de sua.
O que não se entende - e é lamentável -, é a postura do ministro da Educação, de quem se espera, no mínimo, honestidade intelectual.
Na semana passada, Renato Janine Ribeiro atropelou a verdade ao pedir ao Senado que não aprove a mudança do modelo de exploração. Chegou a insinuar que a educação perderia dinheiro se a Petrobras deixar de participar, obrigatoriamente e como única operadora, de todo consórcio vencedor.
Esse é o argumento que circula nas redes sociais petistas. Em uma delas o autor faz uma conta de botequim que ele mesmo reconhece como “suposições”, mas que, no seu entendimento, equivale a um “chute em direção ao gol, que pode raspar a trave ou entrar no gol”. Chutou para fora, arremessando a bola para longe do estádio.
O inverso é que é verdadeiro. Quanto maior a exploração do pré-sal, maior serão os royalties gerados e, portanto, mais recursos vão para educação. Adiar essa exploração significa jogar para as calendas o objetivo de gerar verbas adicionais para a educação.
O viés ideológico também não se sustenta em pé. É mais um fantasma que se cria para iludir os incautos.
Só mesmo um político com a sapiência do deputado Sibá Machado (AC), líder do PT na Câmara, pode inferir que “mais uma vez interesses nacionais são ameaçados por entreguistas sintonizados com estrangeiro”.
Essa elegia ao atraso foi usada à exaustão contra a adoção do sistema de concessões na exploração de petróleo, nos meados da década de 1990. Dizia-se à época que se estava entregando as riquezas nacionais aos estrangeiros e golpeando mortalmente a própria Petrobras.
Deu-se exatamente o contrário. Submetida à concorrência, a Petrobras ganhou competitividade, afirmou-se como maior empresa brasileira, capacitou-se tecnologicamente, gerou muito mais emprego e dividendos para o Estado.
No centro do maior escândalo de corrupção da história do país, a Petrobras precisa de realismo e foco para recuperar sua grandeza. Dispensa os ideários oportunistas, a malversação e a má-fé.
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