quarta-feira, 15 de julho de 2015

O 'rendez-vous' português

O nosso país sofre de degeneração progressiva de hábitos e costumes, o mesmo que doença de Alzheimer no ser humano humano. Há dez anos o Brasil vive de denúncias – um inferno, fruto do despreparo e da má-formação de caráter de muita gente que se acha importante ou acobertada por mandatos populares.


Faz tempo que não se ouve outra conversa que não seja corrupção, inquéritos que não têm fim, CPIs que não apuram nada, e, quando apuram, fica tudo do mesmo jeito, mensalão e, agora, o petrolão. Conseguiram roubar e carregar a Petrobras, guardiã do petróleo que achávamos que era nosso. Assim pensávamos, assim vivemos...

O tempo passa, e nós, o povo, embevecidos pela figura aparentemente simples de um nordestino pau de arara que incorporava o Jeca de Monteiro Lobato, caímos no canto da sereia, tal qual Camões, “na esperança de encontrar porto e salvamento, depois da procelosa tempestade”. Não sabemos mais se despertaremos a tempo, já que navegamos em nau frágil, e o temporal intermitente requer timoneiro competente, e não remeiros embriagados acostumados ou não com escaleres.

E não bastasse essa chuva de escândalos, começam a aparecer as notícias de uma reunião secreta, acontecida em Lisboa, quando da viagem da presidenta a Moscou para a reunião dos Brics, em que estavam presentes, estranhamente, até o presidente do STF, ministro Lewandowski, José Eduardo Cardozo, Ministro da Justiça, e outras autoridades. Tudo muito secreto e escondido. Assunto? Delação do dono da UTC, Ricardo Pessôa, e depois uma ida a uma boate cuja entrada custou 250 percapita.

E de volta ao Brasil, quase com a mesma turma, menos o presidente do Supremo e mais Mercadante e Edinho Silva, ministro da Comunicação Social, dona Dilma soltou a franga com um palavreado, o mais chulo de que já tive conhecimento, saído de uma boca que jamais pensei tão porca. Diz o jornal “Folha de S.Paulo”: “Agitada, andando em círculos e gesticulando muito, a presidente Dilma Rousseff olhou para os auxiliares e bradou indignada: ‘Não sou eu quem vai pagar por isso. Quem fez que pague’”. E batendo com força a palma de uma mão na outra insistiu: “Eu não vou pagar pela merda dos outros”. Ela não disse a quem se referia, e ninguém achou que era conveniente perguntar. Eu também não perguntaria... Com esse linguajar de “bas-fonds”, quem iria arriscar perder as bocas, né?

E depois desse esporro todo, reclamou do ministro Cardozo por não ter impedido que as revelações do empresário delator Ricardo Pessôa viessem a público, e o fez com a maior “delicadeza”: “Você não poderia ter pedido ao Teori Zavascki (ministro do Supremo) para aguardar quatro ou cinco dias para homologar a delação? Isso é uma agenda nacional, Cardozo, e você fodeu a minha viagem”.

Que coisa, meu Deus... Essa é a verdadeira Dilma, em que você votou para ser a presidenta (ou anta) da República. Bem, chega, senão quem vai “sifu” sou eu...

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