domingo, 19 de outubro de 2014

O porteiro, a empregada, o cabelereiro


Cada um vota de um jeito. Todos querem qualidade de vida e o fim da “roubalheira”
Eles não acham que “é dando que se recebe”. O povo trabalhador, que sobrevive de salário com carteira assinada ou na informalidade, parece ser bem mais crítico do Bolsa Família que eu. É curioso. Pobre que trabalha desconfia de pobre que vive de benefício do Estado.

Entre os que se esfolam para fazer o dinheiro chegar ao fim do mês e dar instrução aos filhos, há a crença de que só o trabalho, duro e honesto, enobrece. Um dos momentos de lazer sagrados, além da ida ao culto ou à missa, é o churrasco com a família. Só que o secretário de Política Econômica de Dilma sugeriu comer frango e ovo, em vez da carne, que subiu mais de 3%. É preciso dizer ao PT que mexer no churrasco de domingo tira votos.

Os pobres também detestam a corja de políticos que roubam. A promiscuidade entre partidos e empreiteiras, o lamaçal que transborda da estatal Petrobras equivalem a assaltar, na surdina, quem se esforça, se espreme em ônibus ou morre na fila da cirurgia. Roubar de quem tem pouco é pecado. Se esse pessoal que desvia bilhões não pagar em vida, não escapará da justiça divina.

Por que falar dos pobres? A maioria da população não é beneficiária do Bolsa Família. A maioria batalha e tem medo da carestia atual, nos alimentos e nas contas, mesmo sem entender o que significam “espiral inflacionária”,  “centro da meta”,  “câmbio flutuante” ou “superavit primário”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário