terça-feira, 11 de novembro de 2014

A hora é de temperança



As massas aguardam apenas o momento adequado para disparar sua munição.
 Não há mais como esconder o sol com a peneira. A presidente reeleita, os novos governantes estaduais e a representação no Congresso Nacional terão de enfrentar, nos próximos tempos, o sol mais abrasador de verões que o país viveu nas últimas décadas.

Há razões de sobra para demonstrar a hipótese, mas fixemos a atenção apenas numa: a sociedade organizada está adiante do universo político. O que quer dizer que a comunidade nacional, abrigada em núcleos de interesse e em fortalezas de demandas, está um passo a frente dos mandatários; estes, infelizmente, não têm conseguido acompanhar as massas apressadas e estabelecer com elas pontes de acesso e diálogo.

É visível a distância entre a esfera política e a esfera social, principalmente quando se constata que a profusão de demandas reprimidas não consegue entrar nos ouvidos de representantes inertes e insensíveis.

As manifestações que despertaram a sociedade nos meados do ano passado e se estenderam por bom tempo refluíram, dando passagem à onda eleitoral, mas não significa que foram enterradas nas urnas. Ao contrário, a qualquer momento podem dar sinais de vida, senão de maneira estrondosa e impactante, pelo menos de modo pontual, atacando aqui e ali as carências nas áreas de mobilidade urbana, moradia, degradação ambiental, falta d’água, assentamentos, demarcação de terras etc.

A propósito, a Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz acaba de identificar 490 pontos de tensão no país, nas áreas urbanas e rurais de todos os Estados. Estas bombas-relógios deverão ser desarmadas pelos chefes de poder que governarão o país nos próximos quatro anos, sob pena de vermos vulcões jorrando larvas aqui e ali.

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