quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Excesso de cinismo leva a um strip-tease moral

A generalização dos escândalos unificou o modelo de reação. No momento, o principal álibi dos encrencados é o cinismo. Denunciado três vezes em sete dias, Romero Jucá disse que o procurador Rodrigo Janot tem um “fetiche” com seu bigode. Réu numa ação penal e investigado em 17 inquéritos, Renan Calheiros virou líder da oposição a Michel Temer. Interrogada no Supremo, Gleisi Hoffmann diz que o PT é “perseguido”. Investigado por uso de verba ilícita, José Serra alega que a caixa registradora era controlada pelo partido.

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É como se os políticos tivessem combinado um movimento conjunto. Todos cutucam a opinião pública com pé para ver se ela ainda morde. Por mal dos pecados, a sociedade está de saco cheio. Limita-se a cumprir suas obrigações básicas: pula da cama cedo e escova os dentes. Quem tem emprego trabalha e paga os impostos. O brasileiro já não faz passeatas. Faz a barba. Sob protesto.

Aproveitando-se do marasmo, Lula, condenado a nove anos e meio de cadeia, passeia sobre suas culpas distraído numa caravana custeada pelo fundo partidário. Ele pisa sobre suas culpas distraído. Chama investigadores de “canalhas”. E culpa “os meninos da Lava Jato” pela morte de sua mulher.

Michel Temer, na bica de ser denunciado pela segunda vez, cercado de ministros investigados e de aliados apodrecidos, alardeia em vídeo que “tem gente que quer parar o país.” Ah, que falta faz um espelho!

O cinismo, quando é muito, vira strip-tease. A crise entrou na sua fase pornográfica. Convém retirar as crianças da sala.

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