Ao mesmo tempo, os petistas acusam a Lava-Jato, pela boca do seu mentor, Lula, de ser em parte responsável pela crise econômica que desemprega milhões de brasileiros e reduz seu poder de compra. Não é fato. Quanto à corrupção propriamente dita...
Não, eles nada têm a ver com ela. Não sabiam de sua existência. Nunca souberam. E, portanto, não podem ser acusados de a terem promovido ou alimentado. A corrupção vem de governos passados, todos os governos que antecederam os do PT. E se ela não foi extinta...
Bem, é porque a corrupção, aqui e em toda parte, não pode ser extinta. É da natureza humana. Disso poderá dar testemunho o próprio juiz Sérgio Moro, um estudioso da Operação Mãos Limpas que varreu da Itália políticos desonestos. Varreu, é verdade. Nem por isso...
Uma nova safra de políticos desonestos sucedeu à anterior. E a Itália continua sendo um país, se não tão corrupto quanto era, mas bastante corrupto. Por que isso não poderá se repetir aqui quando a Lava-Jato, finalmente, chegar ao seu desfecho. Hein?
Trata-se de um discurso, esse dos petistas, com começo, meio e fim. Só que ele não consegue esconder o principal objetivo dos que o repetem: pôr um freio na Lava-Jato. Ela não seria desmontada. Nem impedida de ir adiante. Mas desde que respeitados os superiores interesses do país.
Neste momento, a intenção de domesticar a Lava-Jato é a única coisa que aproxima petistas de não petistas, defensores da permanência de Dilma no poder até que se esgote seu mandato e interessados em sua queda o mais rapidamente possível.
O sistema eleitoral e partidário brasileiro foi posto em xeque pela Lava-Jato e os que dele se beneficiaram ao longo das últimas décadas estão simplesmente chocados com isso. E sem chão. O sistema parecia sólido. Mas não resistiu a dois anos de uma investigação independente.
Dá sinais de que desmorona sem que haja outro modelo de sistema eleitoral e partidário sequer esboçado para substitui-lo. Tanto os petistas como aqueles que pretendem sucedê-los no governo nada têm a propor – a não ser a interrupção daquilo que os ameaça.
Uma fatia expressiva de políticos quer o impeachment porque o governo Dilma, dado ao seu esfarelamento, perdeu as condições de protegê-la. Imagina que um novo governo poderá fazê-lo. De sua parte, o PT e seus aliados imaginam que poderão igualmente se beneficiar com isso.
Proteção para seguir delinquindo – é o que pede a maioria dos políticos de todos os matizes.
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