sábado, 27 de março de 2021

A mitologia do mito Jair Bolsonaro

Soldados são treinados para matar, e, eventualmente, morrer pela pátria. Não têm adversários, têm inimigos a exterminar, missões a cumprir e ordens a obedecer. Foi essa a formação de Bolsonaro, que, com seu negacionismo, sua incompetência e seu autoritarismo, já ajudou a matar mais de 300 mil brasileiros. Como teve 55% do eleitorado, mais de 160 mil mortos eram seus eleitores. Esses mortos não são números, têm famílias, amigos, companheiros de trabalho, que também morrem um pouco a cada perda, atingidos pela dor individual e coletiva. Já que a realidade está insuportável, vamos estudar a mitologia do mito.

O mito da integridade — Foi acusado de planejar explodir bombas em quartéis por aumento de salário, chegou a ser preso, foi julgado, considerado culpado numa instância inferior e, inocentado pelo Superior Tribunal Militar, acabou na reserva. Já em seu mandato de deputado, empregou um batalhão de parentes e amigos e há indícios do esquema de rachadinha, que anos depois ganhou evidência, administrado por seu amigo de longa data Fabrício Queiroz, com seu filho.


O mito do anticorrupção — Participou do desmonte da Lava-Jato, uniu-se ao Centrão e seus inúmeros réus e investigados por corrupção. Tirou o poder, e até o nome, do Coaf. Tem obsessão por “inteligência”, informações e espionagens, não para investigar corruptos, mas para controlar seus inimigos reais e imaginários. Seu filho Flávio está sob investigação judicial justamente por rachadinha. Outros indícios de irregularidades pesam sobre seus outros filhos.

O mito da autoridade — Ele confunde autoridade com autoritarismo. Não dialoga, manda. O chefe sou eu. Sou eu que mando, porra. Ele quer ter autoridade sem assumir a responsabilidade, minimizando a pandemia e sabotando a vacinação, capaz de cancelar a compra de 46 milhões de doses da “vacina chinesa do Dória”. Ou quando ignorou propostas da Pfizer e agora tem que comprar por preço que pode ser muito mais caro e ficar no fim da fila para receber.

O mito da coragem — Tem comportamento paranoico, vê inimigos e conspiradores em toda parte, mas na verdade é covarde, abandona companheiros por futricas dos filhos, como fez com Gustavo Bebiano, e com quem ousar contrariá-lo. Sem a facada teria sido desmitificado nos debates na TV até pelo Cabo Daciolo.

O mito do líder — Depois da submissão a Trump, sem proveito para o Brasil, fala insanidades contra parceiros como a China e depois tem que desmentir tudo e mendigar vacinas. Vive dizendo que é fácil instalar uma ditadura no Brasil, mas precisa combinar com o Congresso, o Judiciário e 70% da população que não o apoia. Nenhum presidente brasileiro foi tão debochado e ridicularizado no exterior como ele. Com ele o Brasil se tornou um pária internacional — e um perigo para a América Latina.

O mito da verdade — Seu lema é “a verdade vos libertará”, mas ele é de longe o presidente mais mentiroso que o Brasil já teve, e foram muitos, é quase um requisito para o cargo. Só que mente mal, são mentiras toscas, bravatas ridículas, e todos percebem que o mito é um mitômano, que as vezes parece viver em uma realidade paralela sob efeito de alucinógenos.

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