Apenas dois dias após as manifestações que deveriam ter mexido com os brios de quem se opõe ao estado de calamidade do país, partidos de oposição, incluindo o maior deles, o PSDB, agiram na contramão do Brasil, da lógica e das ruas.
Não só endossaram a tri-multiplicação do fundo partidário - de R$ 372 milhões para quase R$ 870 milhões -, como receberam, de bom grado, R$ 10 milhões para emendas de parlamentares novos, presentinho do PMDB, por meio do relator do orçamento, senador Romero Jucá (RR).
Um desatino.
Ainda que o completo desacerto da economia tenha sido provocado pelos governos petistas - Lula que não aproveitou a bonança e Dilma que nada sabe e arrota todo o saber -, fazer oposição inviabilizando o país é coisa para o PT, e não para gente que se diz responsável.
No vácuo, o PMDB - sempre ele -, aquele que é aliado de Dilma e não o é, que está no governo e não está, arvorou-se como o principal interlocutor das insatisfações populares. Contrariando o peemedebista Jucá, anunciou que defenderá o veto ao aumento do fundo partidário, dizendo-se “sensível” às vozes das ruas.
Também parte do PMDB a proposta para que Dilma reduza de 39 para 20 o número de ministérios.
O PT, por sua vez, tenta se reconectar com as ruas. Usa o pedaço fiel, personificado nas centrais sindicais, no MST e nos movimentos pró-moradias. Não raro, causa mais estragos ao governo do que a oposição. E para atender a esse público cativo, visto que o resto dá-se por perdido, faz Dilma recuar no ajuste fiscal. Claro, onde ela não devia.
Sem uma ação política articulada, as oposições, PSDB à frente - que aglutinou o antipetismo de quase metade do país no candidato Aécio Neves -, perdem-se em questões periféricas, na crítica verbal.
Rechaçar as bobagens diárias de um governo que se movimenta entre o exército de robôs e o exército do Stédile é pouco, muito pouco. Milhões de brasileiros foram e continuarão indo às ruas para por fim à corrupção institucionalizada pelo PT. Para estacar a sangria. Não querem mais pagar impostos e não ter serviços, muito menos enriquecer uns e outros privilegiados.
Não têm respostas prontas. Sabem mais o que não querem.
Mas, se é natural que o governo Dilma opte pela tangente com um requentado decreto anticorrupção que nada resolve e talvez até crie entraves para punições, é inadmissível que as oposições não se cocem.
O cambaleante governo Dilma está nocauteado. Nas ruas e fora delas. PSDB & cia têm pouco tempo para compreender as demandas e agir à altura.
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