terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O idiota da família


É uma derrota se o Estado decide gastar mais do que tem. Isso só é possível tomando emprestado o dinheiro dos outros, roubando sua poupança ou cobrando mais tributos
Nas situações de dificuldade, em que algum princípio é admitido, lembro sempre da vida. Quando o destino é conviver com a existência de quem não tolero, sinto-me de fato governante. A forma sombria de encarar o dever de fazer regime não foi amenizada pelo jantar dedicado a proteger o que é parco sem impor à sociedade o modelo de endividamento que lhe tirou a saúde.

Tantas repartições, leis, um mundo de autoridades que é difícil entender onde está o erro. O contador olha para trás, resolve o problema das contas furioso por ter sido consultado tarde. O balanço só fecha com cortes.

O economista olha para frente, vislumbra novas perspectivas, quer mais receita. A ordem é fazer brilhar o corriqueiro, equalizar despesa e receita. Os dois se encontram. Decidem rodar o carrossel da economia estatal mirando outra vez a sociedade.

República, democracia, cidadania: três formas sádicas que se vingam dos que não dormem, sempre os alvos desta adoração pública pelo bolso dos outros.

Poder, o míssil propulsor entra em órbita, liderado pelos gênios iguais que espalhamos por aí para dar aulas sobre o que acabaram de aprender. Impiedosos, não podem ficar desatentos ao inferior gastador, o homem livre e de desejo infinito.

Consagrado pelo sacramento do mando, o governante não tem um pressentimento complexo de suas próprias limitações. “Pacote”, a bonança econômica da tempestade política, o caro que não adianta, o barato que não funciona.

O que se pode saber de um governo, hoje em dia? A América do Sul só vê perto. Não olha o futuro, não se interessa por enxergá-lo. Quanto de dinheiro deve ser gasto pelo Estado e com quanto você deve ficar para gastar com sua família?, perguntou a dama conservadora ao Parlamento perdido.

A progressista não se sentiu provocada e deixou transparecer que, tradicionalmente, se mete na vida de todos através da bagunça financeira. Esgotamos todo o dinheiro dos impostos e queremos mais quando ele acaba, respondeu.

Mas o Estado não tem outra fonte de recursos do que o dinheiro que as pessoas ganham para si próprias, insistiu didaticamente. É uma derrota se o Estado decide gastar mais do que tem.

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