As conversas grampeadas pela Polícia Federal acrescentaram ao prontuário de Dilma Rousseff o crime de obstrução da Justiça, praticado para livrar Lula da cadeia. Se lhe restasse alguma vergonha, se não tivesse começado a mentir antes de aprender a falar “mamãe”, a presidente que nada preside já teria caído fora do gabinete onde sonha com a salvação que não virá. Mas a governante desgovernada prefere fingir que o vilão é o juiz Sérgio Moro, que teria ignorado uma das prerrogativas do cargo que ela não para de desonrar.
“Grampo na Presidência da República ou para qualquer um de vocês não é algo lícito, é algo ilícito, e é previsto como crime na legislação”, reincidiu em dilmês erudito nesta sexta-feira. Conversa de 171. Nenhum dos celulares e telefones fixos que afilhada utiliza foi alvo de escuta. Os aparelhos grampeados foram os aparelhos usados pelo padrinho homiziado no Instituto Lula. A voz da criatura só entrou no coral da Lava Jato porque ligou para um celular que o criador julgava secreto. Deu no que deu: os brasileiros agora sabem que Dilma participou da conjura armada para afastar Lula do camburão, ouviu sem dar um pio insultos ao Supremo e engoliu palavrões que deixariam ruborizada até uma reencarnação de Messalina.
As gravações também provaram que Lula chefiou a repulsiva conspiração contra o Estado de Direito e a ofensiva infamante contra Sérgio Moro. Para escapar de uma segunda e conclusiva visita da Polícia Federal, também ele decidiu fazer de conta que os bandidos devem ser procurados na república de Curitiba. Resumo da ópera-bufa: o bando fora da lei invoca a proteção da lei para continuar atropelando a lei ─ em sigilo. Para os comandantes da organização criminosa, esse desrespeito à privacidade dos meliantes é muito mais grave que a maior roubalheira da história.
“Minha intimidade, de minha esposa e meus filhos, dos meus companheiros de trabalho tem sido violentada por meio de vazamentos ilegais de informações que deveriam estar sob a guarda da Justiça”, mentiu Lula na carta aberta que divulgou nesta quinta-feira. Submetido ao calvário de chanchada, o marido amantíssimo e pai extremoso acabou exonerando a proverbial sobriedade. “Nesta situação extrema, em que me foram subtraídos direitos fundamentais por agentes do estado, externei minha inconformidade em conversas pessoais, que jamais teriam ultrapassado os limites da confidencialidade, se não fossem expostas publicamente por uma decisão judicial que ofende a lei e o direito”.
Não tem nada de mais, portanto, qualificar de covardes os ministros do Supremo, debochar de ministros de Estado, exigir que o ministro da Justiça mantenha o camburão distante do chefe supremo, tratar a presidente da República como gerente do bordel federal onde reina há mais de 13 anos. Na cabeça dos criminosos, crime é divulgar conversas que mostram uma quadrilha planejando atropelamentos do Código Penal. Talvez mudem de opinião quando começarem a trocar ideias na mesma cela de cadeia.
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