Ao invés de esticar a sobrevida do moribundo governo Dilma, afrontar a compostura do senso comum dos cidadãos, se jogar no salto mortal dessa empreitada furada de superministro articulador, e achar que pode dar a volta nas instituições judiciárias do país, Lula poderia admitir tão simplesmente que o projeto de Brasil que ele tinha em mente deu errado. Simplesmente isto: deu errado. E que, depois das megamanifestações do dia 13 de março não dá mais pra tentar justificar com os velhos chavões esquerdistas do golpismo das zelites o que ele próprio está a responder com outro golpe. Pois o verdadeiro golpista é sempre o último, o do contragolpe que, por antecipação, justifica seu golpe com a suposição do golpe adversário. Como diz o provérbio, “duzentos não podem estar errados”. Quanto mais 6 milhões! Com a prisão do seu marqueteiro, a verdadeira face de Lula reaparece na grande mídia. Basta olhar pra sua foto que circulou em toda a imprensa por ocasião do discurso do sindicato dos bancários na semana passada, que se pode constatar que a imagem do “Lulinha, paz e amor”, da campanha de 2002, voltou a ser a imagem de ódio e rancor dos tempos incendiários da agitação sindicalista.
Diante de jogadas de tanto casuísmo e falsa esperteza, com a autoridade de um cidadão brasileiro que valoriza a paz social e a tradição de fraternidade de nosso povo, venho lembrar ao “nosso guia” que está se esgotando a sua última chance de admitir os erros e tentar salvar a sua biografia. De assumir publicamente sua responsabilidade política pelos descaminhos do PT e pedir desculpas ao povo brasileiro, ao invés de insistir no erro, procrastinar o inevitável processo, acirrar os ânimos e incitar conflitos entre cidadãos do mesmo sangue. Seria um gesto de grandeza incomparável que suplantaria todas as demais delações havidas e que, com a autoridade inquestionável de ex-supremo magistrado, passaria definitivamente o país a limpo.
Admita, Lula, sua responsabilidade agora, antes que se avolumem ações e investigações no seu novo foro privilegiado. Ou que se precipite de vez as ameaças do “março de sangue” dos agitadores que te cercam. Porque, por mais rancor que você tenha em ter de admitir, a política que você escolheu para realizar o projeto de um Brasil justo deu errado. Além do que esta é sua última chance de salvar para a história a sua promessa maior de fazer com que todo cidadão brasileiro possa ter três refeições por dia. Lembra? Como diz outro provérbio: perca esta batalha da Lava Jato agora para manter seu sonho, a esperança dos brasileiros e ganhar a guerra mais adiante. Peça desculpas aos milhões de cidadãos que acreditaram em você. Até por que, Lula, este projeto socialista ou esquerdista de tentar determinar o rumo da história e fazer “justiça social” a qualquer preço, não tem dado certo em todos os países que tentaram. Todas as vezes em que se tentou, em prol da igualdade social, sacrificar a liberdade, só se conseguiu criar privilégios para as classes dirigentes, restringindo as liberdades de todo o povo por força de totalitarismos, sem se criar riqueza ou mesmo distribuir uma renda digna para todos.
Você já deve ter percebido que o Brasil não é Cuba, nem tampouco uma Venezuela. Que o Brasil é muito maior e não cabe nesse estreito projeto de ditadura social-populista latino-americana. Ou nacional-socialista de colocar estatais como Petrobras e BNDES acima da nação. Que o Brasil não vai sacrificar a sua tradição de Libertas quae sera tamen por uma promessa delirante e romântica de igualitarismo social a qualquer custo. Tenha a hombridade de admitir isto publicamente e, quem sabe, seus eleitores não o perdoam? Mas o que você não pode de jeito algum é prolongar ainda mais esta agonia da ingovernabilidade, a paralisia dos empreendedores, quanto mais apelando para uma hipotética luta de classes por dar ouvidos aos maus conselheiros do vale-tudo para manter o poder. Você não conseguirá convencer os cidadãos brasileiros a fazer do Brasil uma Cuba ou uma Venezuela. Admita que tentou, mas simplesmente não conseguiu. Pois a política escolhida estava errada.
Você estará em boa companhia. Vários líderes sociais da história do Brasil e da humanidade já tentaram e não conseguiram. Proponho, inclusive, que você tire uma semana de férias de seus asseclas esquerdistas e vá com dona Mariza ver o filme “O quarto de Jack”, cuja atriz acaba de ganhar o Oscar, e interpreta magistralmente uma das mais sublimes alegorias sobre o valor da liberdade no mundo contemporâneo. Como o ser humano pode sacrificar a própria vida pela liberdade. Pois bem, Lula, entenda que hoje no Brasil, os cidadãos brasileiros, “somos todos Jack!”. Que nos juntamos em milhões para fugir deste quarto estreito em que o PT nos meteu. Deste quarto escuro de desbunde fiscal e crise de confiança, resultantes desta besteira de nova matriz econômica de que o estado pode tudo. Até por que ainda acredito que você também foi vítima desta ilusão totalitária, deste projeto esquerdista de poder que aniquilou os ideais de fundação do próprio partido. Por que você mesmo foi vítima do mito que seus asseclas criaram de seu poder voluntarista.
Somos todos Jack, Lula! Fingindo de mortos, vamos acabar fugindo desta prisão maior da mentalidade retrógrada de direitos sociais ilimitados para quase nenhum dever cívico que os demagogos esquerdistas e anarco-sindicalistas inventaram desde 1988. Os símbolos nacionais do Brasil carregam o estigma da liberdade. Estamos mais para Macri do que para Maduro. Admita, Lula, em canal aberto de televisão, que você errou. Peça desculpas ao povo. Admita a fraude da campanha de 2014, aproveite sua nova prerrogativa de foro e conte tudo ao Ministério Público Federal. Não sacrifique milhões de cidadãos brasileiros na pior crise da recessão e desemprego de nossa história por causa de 25 mil boquinhas de cargos comissionados. Tenha a grandeza de dividir de fato o projeto de um novo Brasil com outros protagonistas, que até mesmo FHC já reconheceu que você é um legitimo líder popular. Escolha ser líder de uma nação e não chefe de um governo moribundo. Salve a sua biografia e reconcilie o Brasil.
Jorge Maranhão
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