Sexta-feira, quase seis da tarde. O bater de panelas espontâneo, surgido do nada, anuncia que a presidente Dilma Rousseff estava falando na televisão. E pouco importava o que ela dizia. Ninguém queria saber. Depois de tanto mentir, em especial na campanha pela reeleição, quando prometeu fazer o diabo – e cumpriu -, Dilma não vale um tostão furado. Sua credibilidade é inferior a uma nota de três reais.
Lula fungou, esbravejou e quase chorou por perto de meia hora. Tudo de acordo com o figurino. Nada explicou, até porque não era esse o objetivo dele. Esbanjou do direito de dizer asneiras, fez piada com coisas sérias. E não respondeu a uma só pergunta.
Dilma falou por mais de 10 minutos. Tal como Lula, cercou-se de apoiadores para aplaudir seu monólogo. E não respondeu a uma só pergunta.
Próximos e distantes, estranhamente diferentes e parecidos, Lula e Dilma passaram a encarnar, cada um à sua maneira, tudo aquilo que o país repudia.
Ambos traíram a confiança que reiteradamente lhes foi depositada. Mentiram, enganaram. Possuíram o Estado como se deles fosse. São responsáveis ou coniventes com a corrupção. E, se um ou outro não se locupletou, deixaram que o dinheiro público escorresse como mel em beiços de companheiros.
Aos fatos, nenhum dos dois dão ouvidos.
Dilma finge que preside o país. O mesmo que ela deixou ir à bancarrota por suas políticas erradas e erráticas, por arrogância, prepotência e birra. Lula continua arrotando que foi quem mais fez para os pobres, gerando crescimento e empregos, sem levar em conta que sua pregação está sendo ouvida não apenas por fãs, mas por quase 10 milhões de desempregados.
Dilma e Lula falam de respeito, de postura republicana e de Estado de Direito, mas os dois desdizem o que querem fazer os tolos acreditar. Dilma insiste em mentir e Lula, mais agudo, há tempos não se preocupa se a fala de hoje contradiz a de ontem.
Empreiteiros, hoje amigos do peito que prestam favores, eram vilões a serem combatidos. Políticos agora parceiros, do naipe de Fernando Collor de Mello, Paulo Maluf e Renan Calheiros, eram o mal em si. O poder econômico, materialização da ganância e da exploração dos pobres, tornou-se o principal aliado. É dele que emanam os milhões que sustentam o PT e o poder, o Instituto Lula, as palestras, os filhos e o que mais a Lava-Jato encontrar.
Ainda assim, Lula berra. Diz que foi sequestrado pela Polícia Federal, que se sentiu aprisionado. Elogia a educação dos agentes que o buscaram em sua casa, mas volta a espumar ao exigir respeito.
Teve e merece tê-lo, assim como qualquer um.
Mas Lula quer muito mais. Quer regalias.
Sua história seria “suficiente para não ser tratado como pessoa comum”, prerrogativa que Lula, quando presidente, ofereceu ao ex José Sarney, enrolado em diversas ilicitudes. Cabe lembrar que Lula acarinhou o então senador 22 anos depois de garantir à nação que Sarney era “impostor” e “ladrão”.
Nada de novo. Lula sempre foi, é e será assim mesmo. Age só de acordo com sua conveniência pessoal. Distribui perdão e culpa ao valete que o serve no momento. Usa, abusa e descarta.
Sexta-feira, oito e meia da noite. Sem a baixaria da guerra de torcidas organizadas que, estimuladas pela eterna pregação petista do “nós x eles”, durante o dia encenaram mais um espetáculo de intolerância de uns e burrice de muitos, aplausos e buzinas se fizeram ouvir em diversas capitais em apoio à Lava-Jato.
Prova inequívoca de que não adianta tergiversar. A Lava-Jato chegou à Lava-Lula, Lava-Dilma, Lava-PT, Lava-Aliados. E, ainda que as pessoas que insistem em não se enquadrar entre as comuns tentem, não há caminho de volta que impeça o país de lavar a sua alma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário